Zênith

"Estar no mundo sem ser do mundo"

Textos


VOCÊ USA CASACO DE PELES?!!

Casacos de peles, e por que não estender também o questionamento para bolsas e sapatos de couro de cobras; peles de focas, peles de raposas, de felinos... Lindas pelagens, não?

Lindas, caros! Lindos figurinos das vitrines da moda... que vêm para nós saturadas de dor, de gritos de desespero de seus donos, cujas vibrações tétricas da hora do abate e da tortura estão entranhadas até à última de suas moléculas, por debaixo daquele aspecto macio tão inofensivo! Emanam puro desespero, e ódio de quem assim os exterminou sob os mais bárbaros requintes de crueldade!

Pelagens lindas!...

Faz um tempo, publiquei um artigo de grande repercussão, denunciando a espécie de tortura levada a cabo pelos chineses, que consideram qualquer criatura ambulante do reino inferior como petisco do dia (Um Grito de Socorro à Vida - http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=3820)! Cães e gatos, tratados com esmero de regalias pelas madames de nossas sociedades privilegiadas são, na China, abatidos com extremos de tortura... porque os chineses consideram que quanto maior o sofrimento na hora da morte, maior a descarga de adrenalina no sangue, responsável por tornar a carne especialmente macia. Cães e gatos, lá, são, portanto, considerados iguarias finas - por debaixo de um ritual macabro de selvageria que poucos no mundo supõe se ocultar por sob os pratos servidos com estética talvez que especialmente atraente!

Agora trago-lhes novas dos terrores outros existentes no mundo animal, praticados pelo suposto ápice da evolução, qual seja o ser humano. Hoje chegou-me às mãos a campanha mobilizada contra a barbárie igualmente hedionda... realizada por quem faz comércio com a pelagem de determinadas espécies, a fim de lucrar com as idumentárias riquíssimas à venda nas maiores grifes do mercado mundial!

Idumentárias riquíssimas que vestem corpos particularmente perfumados com essências francesas e com óleos hidratantes da mais fina lavra, sem que seus usuários queiram ou procurem, de um modo ou de outro, tomar conhecimento de que na verdade o que vestem são as peles pouco tempo antes empastadas do sangue de um felino que, sob gritos lancinantes de dor, teve a sua pata arrancada em armadilhas especialmente preparadas para capturá-lo deste modo cruel, a fim de se desperdiçar o mínimo de sua pele acetinada e destinada aos casacos finos do inverno europeu; de raposas peladas ainda vivas, após serem arremessadas em água quente, ou de terem recebido pancadas brutais na cabeça, ou descargas elétricas violentas, desferidas por objetos introduzidos em seus ânus - ou seja - após sofrerem morte horrenda e bestial através destes métodos tidos como eficientes para a matança instantânea, propiciadora do aproveitamento máximo da pele do animal, por inteiro!...

Não bastasse ser solenemente ignorado pela nossa civilização pretensamente evoluída que o consumo de carne animal já representa um volume de matança escatológico, sob o apanágio das nossas alegadas necessidades de proteína a respeito das quais é bem provável que possamos extraí-las de outras fontes mais humanitárias e condizentes com a preservação do meio ambiente, com todas as suas criaturas; não satisfeitos com a carnificina milenár que nos torna em cemitérios vivos, cujo odor pútrido repele drasticamente benfeitores penalizados que amiúde buscam nos auxiliar das dimensões invisíveis das adjacências terrenas - e soma-se ao longo e macabro repertório da nossa indigência espiritual a torpe quanto desnecessária barbárie, no extermínio implacável das criaturas em situação de inferioridade, para se atender não mais que às momices estúpidas da vaidade humana!

Humanidade que vende a essência mesma de sua alma, essência esta que lhe conferiria justamente a dignidade que a qualificaria à conta de seres ditos humanos - a fim de se enfeitar grotescamente com restos mortais! Vestes, acessórios e badulaques felpudos, cujo triste e horripilante histórico de produção enobrece, acima da nossa condição, até mesmos aos mais incipientes selvagens, habitantes de tribos obscuras em regiões remotas do globo - porque os seus enfeites exóticos são, ainda e sempre, mais ecologicamente corretos, mais respeitosos para com a Criação divina, na medida em que, se eventualmente os habitantes dessas comunidades matam, o fazem em nome da fonte única e exclusiva da sua subsistência! Nunca a pretexto dos requintes dantescos de paladares viciados, ou das alegadas vaidades do status quo, que nivelam o homem, em termos de racionalidade, ao próprio animal assim abatido, humilhado, torturado, mas situado, a partir disso, acima da nossa estultície ignorante da verdade simples que ele, o animal, entende intuitivamente: tudo o que extrapola o necessário à sobrevivência pesa na economia da vida, terminando por escravizar e esmagar o próprio perdulário dos recursos naturais que impreterivelmente, um dia, se esgotam, arrastando no bojo da extinção o seu próprio predador inconsciente!

No dia em que o último peixe morrer nos oceanos, o homem enfim entenderá que dinheiro não se come!
Greenpeace

Amor,

Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 21/05/2008
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