Zênith

"Estar no mundo sem ser do mundo"

Textos


NUNCA CORTE O QUE PODE DESATAR

Boa tarde.

 

Há pessoas que lidam com situações de separação, convenientemente, banalizando o humano e priorizando o pragmático.

 

Não vou dissecar contextos.

 

O fato, todavia, é que, antes de sermos politicamente corretos (ou astutos, ou interesseiros em dependendo do acontecimento) ou religiosos desta ou daquela corrente, ou filósofos, pensadores ou membros de algum clube sociológico de maior ou menor prestígio perante os requisitos de popularidade, somos, ou deveríamos ser humanos!

 

Portanto, aqui vão reflexões úteis, extraídas de constatações empíricas, porém não menos realistas por isso:

 

- Quando diante da dor de alguém em um velório, a solidariedade certamente será melhor aplicada e apreciada em um abraço ou silêncio sincero do que em frases feitas; clichês, por vezes, bem intencionados, cujo efeito, no entanto, resulta em piorar, ao invés de amenizar o sofrimento, a saber:

 

- "Seja forte! Você não é espírita (ou católico, evangélico, umbandista, o que for que remeta à fé em Deus)?!";

"- Isso vai passar, não chore!";

"- Cadê aquela força l?!"...

 

Mesmo na perda do animalzinho doméstico, aquele ser puro que é parte da família, o instante da ausência definitiva do ente amado do alcance dos sentidos físicos, até um prazo indefinido na eternidade, já dilacera, machuca! Como bem se comenta, 'só quem passa, sabe!'

 

Então, respeitemos a dor de quem sente a dor, pois o estereótipo do ser humano super herói, a salvo dos infortúnios físicos e dos sentimentos (coisa demonizada pela sociedade cibernética assustadora que já vai se consolidando no planeta) só existe como criatura virtuosa em filmes! Fato!

 

Ademais, se o nosso destino é a condição meta-humana, torna-se imprescindível a tomada de consciência de que é mediante o atrito das dores multifacetadas deste mundo que se alcança o estado consciencial do anjo!

 

Neste mundo, ao menos, é, a dor, a ferramenta mais poderosa de fortalecimento de valores, de resistência aos infortúnios - portanto, os esforços deveriam ser no sentido de como se lidar com as dores - não como concreta-las, ignora-las, amesquinha-las na sua existência e proporção, ou fazer de conta que não existem!

 

Do mesmo modo, outras formas de separação doem. Equivalem à ausência, nas mais variadas formas, dos entes queridos. Seja no contexto de separação de um casal, na dissolução inopinada de um lar; na saída dos filhos de casa, nos afastamentos ou rompimentos entre amigos por desentendimentos - tudo isso são situações de ausência que maltratam, e doem! Provocam nos atores - salvo já em estado avançado de dessensibilização, e isso em hipótese alguma, neste mundo não empático, é sinal de virtude - sofrimento psicológico e emocional agudo, e não raro, passível de tratamento terapêutico para o soerguimento holístico do indivíduo. Então, nunca, mas nunca mesmo, dirijam a alguém imerso nessa gana de dramas existenciais outras tantas frases pseudo terapêuticas, ou pseudo bem intencionadas:

 

- "Estamos separados e isso é fato! Todos se separam!"

- "Você demonstra muito seus sentimentos!" (de amor, ou tristeza)

- "Você não tem amor próprio?! Não chore na frente dos outros, não se desvalorize assim!"...

 

Que não haja dúvidas: todas essas frases feitas, no exercício mais irrefletido da chamada 'psicologia de botequim', produzem, ao invés do soerguimento do sofredor, em inúmeros casos, o agravamento da dor; a derrocada talvez definitiva da sua autoestima!

 

Amigos: muito acima, e permeando as luzes e sombras cambiantes deste mundo, existem Leis Universais exatas, inexoráveis, de efeitos observáveis no cotidiano do mais anônimo dos seres viventes na Terra!

 

Uma delas é a Lei de Causa e Efeito, de modo que já vivi o suficiente para observar indivíduos invigilantes, de verbo fácil quanto frio diante da dor alheia, sucumbirem, nem tão mais adiante assim, diante da mais absoluta falta de empatia dos circunstantes quando necessitaram de uma fagulha ínfima de calor humano que fosse, nos seus mais graves momentos de amarguras!

 

Uma vez, há muito tempo, ouvi:

"- O que você faz com o outro faz com a Vida (una, onipresente em cada um)! E ela sempre retribui, em igual medida e qualidade!"...

 

"All You Need is Love"

(John Lennon)

"Nunca corte o que pode desatar"

André Luiz 

Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 20/02/2024
Alterado em 20/02/2024
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