DEUS VENCEU!...
Quando comento às vezes, tem quem pense que é brincadeira, mas é bastante sério.
Com certa frequência, observando os desafios menores e maiores, meus e do resto do mundo, fico imaginando a hora em que afinal irei bater no balcão "do lado de lá". Com todas as perguntas, comentários e perplexidades. Com tudo o que eu quero dizer.
Vejam... Esta crônica não trata de religião. Faz tempo que me libertei da caixa de várias delas.
Segui pelo trajeto das idéias espíritas e espiritualistas para desaguar na filosofia Rosacruz, na Fraternidade Branca, na Teosofia e outras, somando convergências até ao Sufismo islâmico, ufologia, e, no Caminho, tirando as constatações...
De modo que hoje vivo de constatações. Evidências + compaixão, já cantava a pedra aquele extraterrestre aprisionado na área 51 que ninguém, ou quase ninguém levou a sério. Mas estou entre os supostos esquisitos que levaram - e muito!
Questionado sobre a origem da vida, morte e Deus, as respostas dele àquele humano antipático e primitivo que o interrogava foram espetaculares. Em plena década de 50, ou 60 (não recordo ao certo) suas explicações, ainda hoje, e falo de uma perspectiva científica, estão muito à frente do que a maior parte desta humanidade distraída pode aceitar ou entender.
Explicações que convergiram com o que só agora se começa a alcançar, quando muito, sob as descobertas reveladoras da mecânica quântica.
Sendo perguntado, por exemplo, sobre a morte, explicou - não sem certo tom de cansaço, por se ver forçado a dar definições tão anacrônicas do ângulo evolutivo de quem o interrogava, quanto seria expor a um orangotango sobre física nuclear - que morte é uma invenção humana, uma ilusão. Porque a vida, a existência, sempre existiu, desde sempre e para sempre, e, imersos nela, dela somos apenas instantes sucessivos.
Isso, naturalmente, embasou sua surpreendente explicação sobre Deus. Ao afirmar que a sua civilização avançada, àquela altura, prescindia da necessidade de mitos religiosos - exatamente por compreender com clareza a eternidade da existência, de onde emergiamos como sucessivos instantes - e, obviamente, desta eternidade emergindo, nunca também desaparecendo, já que um nada, por definição, não existe...
Toda esta digressão eu faço para chegar com objetividade ao ponto da minha chegada ao balcão do além, onde enfim reafirmarei:
- Está bem! Deus venceu!...
Porque se tudo é eternidade (uma única Consciência) e não passamos de individuações (instantes sucessivos) deste oceano de Vida universal, como se evidencia por si, todo o problema reside em apego! Em se insistir em ser; em se agarrar em ser alguma coisa, para o bem ou para o mal!
E não adianta querer me cozinhar com explicações válidas, mas de meio de caminho...
Ah, mas é a lei do carma. De causa e efeito. Via magnetismo, pelas leis universais você define seu tipo de experiência quando, nesta dimensão de polaridades, faz o bem ou o mal.. Atraí bem se faz o bem - à vida, ao próximo, a si mesmo, sob uma ótica de abnegação. Atraí o mal se prejudica a vida, ou o próximo, sob os mesmos parâmetros da dinâmica das energias...
Sim... só que isso não tem fim!
Nunca! Enquanto nos iludirmos querendo nos identificar, em definitivo, com algum personagem... que vai se transformar, inexoravelmente, e desaparecer!
Por conseguinte, diante de tantos personagens vividos e ilusões desfeitas, fatalmente, para cada um chegará a hora do basta!
Vejam... evidente que aquele que neste momento colhe as delícias de uma boa sementeira de passado enfrenta um gênero de "instante", neste mundo, bem diferente da pedreira que uma imensa multidão anônima, e distante destes "deleites", encara (e falo aqui dos deleites espirituais, não apenas dos materiais: de quem já sabe que a plenitude íntima ao se curtir um por do sol no Arpoador ou uma dinâmica de sustentabilidade ambiental ou social é algo impagável pelo vil metal!)
Uns voltam para cá, e voltam e voltam num curto circuito de colheitas com origens num sem fim de causas de rebeldia, ou de desnorteamento espiritual que definem, mais à frente, tanto o serial killer, quanto o indigente, ou mesmo o missionário sofredor destinado a ser um dos anjos benfeitores nascidos no meio social prejudicado para ajudar os mais carentes...
Não tem fim!...
Mas toda a dor deste mundo reside, em última instância, no apego; na identificação ferrenha com os respectivos papéis, e... eu conto, ou Ele conta?!...
Nada, nada disso se pode reter! Pois o mundo é inerentemente de finitude, com tudo que nele está contido na transitoriedade sem fim dos dias, dos meses, dos tempos, e de todas as formas de vida!
A cova aguarda cada ser, inexoravelmente, logo ali!
Então, no frigir dos ovos, pouca diferença faz para um estado de felicidade autêntica toda a canseira multimilenar, neste e em qualquer mundo, enquanto não vier a lona, a constatação definitiva: não somos coisa nenhuma! E nem poderemos continuar a ser!
Hora de despertar!
Da hora do nascimento e ao longo desta vida, as aparências, os gostos, as situações, são a prova de que tudo muda. À nossa revelia, e tanto mais quanto haja resistência!
É uma batalha destinada ao fracasso - eternizar a transitoriedade, e então, finalmente chega o glorioso dia da melhor decisão decorrente da mais correta compreensão!
Não se pode reter, no contexto de eternidade - a única permanente, inextinguivel, na qual estamos contidos e da qual, queiramos ou não, não teremos como fugir - a riqueza. A alegria. O sofrimento. As opiniões. As aparências. As situações felizes ou infelizes. Os sentimentos. As emoções. As companhias. Os títulos. Os nomes. As posses. As pessoas...
Não retemos NADA! Absolutamente nada do repertório de todas as histórias das vidas que vivemos e viveremos!
Reteremos somente o estado mais ou menos desperto da consciência - deste instante de consciência no agora, manifesto do oceano Uno de que cada um de nós é emerso e mero ASPECTO!
Aspectos sem fim universo afora, de um único e eterno estado de Ser!
Então, é por isso que, enfim, diante do "balcão de informações" do lado de lá, estarei pronta para entregar. Tudo!
Devolverei a energia "emprestada". Em consciência! Para que não haja dúvida, nem mais apego e nem carma, e nem necessidade nenhuma!
Cansativa, essa história, após milênios, como um cachorro correndo atrás do próprio rabo na ilusão de que é algo que se pode atacar, reter, ou controlar!
Não quero mais saber o quanto é complicado abdicar de uma bela vida terrena nas montanhas da Toscana, como se fosse eu esta vida e na ilusão de que ela me pertence!
Não quero mais o risco de arder de revolta na ilusão de que eu possa ser um ser desgraçado, destinado à miséria material por nascimento, enquanto tantos, de nascimento, chafurdam em todas as facilidades. Porque é a dor de uma vida, o que testa o livre arbítrio e o caráter da consciência de um miserável, do mesmo modo como a riqueza testa até que ponto pode ir o egoísmo inconsciente dos privilegiados, numa humanidade que, por raça e definição, deveria ser humana!
Não quero mais também o amor perfeito da história feliz que, de todo modo, não é minha posse - nem o infeliz, que me atira ao próximo canto da sereia me relançando outra e outra vez ao mar revolto atrás de mais uma ilusão.... Porque nenhum deles jamais me pertencerá!
Amor perfeito sempre será o amor liberto, que escolhe simplesmente sorrir ao seu lado!
Dentre todos os milhares de nomes, títulos, situações, planetas, países, ocupações, observarei tudo, aprenderei com tudo, mas sem direito de posse!
Que tudo seja de quem retém o único e universal direito autoral!
Contento-me e deleito-me com consciência. Com o dom milagroso da Vida!
É isso o que direi no balcão do além.
Deus, desde sempre e para sempre venceu!
Ele é o bastante!
E bem feliz e sábio é quem, a seu tempo, espontaneamente entrega tudo, e se rende, e se diluí, e vive somente desta constatação! Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 14/06/2022
Alterado em 14/06/2022 Copyright © 2022. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |