DIA DA CONSCIÊNCIA HUMANA "No dia em que dermos mais importância à "consciência humana", em lugar de consciência negra, judia, ou a que for, a discriminação acaba" - Morgan Freeman, ator americano" Hoje quero prestar a homenagem à consciência humana, que envolve todas as raízes! Mas, para a data específica, faço ênfase à riqueza da nossa amálgama étnica. Ao componente afro-descendente desta amálgama! Meus pais já me contaram a história da genealogia familiar n vezes. Paralelamente, minhas origens familiares remontam a tres raízes. Papai me conta de Antonio Olivieri, meu bisavô italiano, que se casou com descendente de índia na época da guerra, por parte de minha avó, sua mãe. E também de Nestória, bisavó negra e escrava, casada com o bisavô português! O último e único elo palpável desta história, infelizmente, de vez que sequer os conheci, se concentra em duas fotos antigas, que me couberam preservar - tão amareladas que necessitam restauração, antes que se desintegrem de vez! Pelo lado materno, as raízes são holandesas, de lá dos lados de Pernambuco. Mas hoje é dia de focar em Nestória. E, a partir disso, por verossimilhança histórica, em todas as vovós espalhadas pelo Brasil, com sua sabedoria simples, gostosa, e terna. Na bagagem indescritível dos sofrimentos que condimentaram as almas de toda uma fatia de nossa nação e civilização, ainda hoje renitentes. Refiro-me, meus amigos,a sofrimentos de seres humanos! À sabedoria inegável e irrefutável inerente a seres humanos! Às dores, lágrimas, sorrisos e idiossincrasias culturais valiosas inerentes a todos estes seres humanos! Seres humanos!... Possuo, dentre as grandes amizades construídas ao longo de minha vida, com destaque, duas amigas queridas, que, em fases diferentes, foram irmãs que me valeram a falta da irmã, ou irmão, no meu repertório existencial de filha única. Uma mulata, outra negra! Divertidas, solidária e sábia uma, alegre e nerd, outra! Risos, passeios, trocas, momentos felizes, diferenças e concordâncias, - uma deliciosa convivência! Lindas irmãs! Lembro-me dos avós de uma das duas, que conviveram comigo com ênfase na época da infância e da adolescência. Dona Olindina e sr. Sales! Que extrato de bondade, de sabedoria, era aquela senhorinha, falecida como passarinho adormecido há alguns anos atrás, já idosa! Que exemplo de simplicidade era o seu marido, o avô de Eneida, esta minha antiga amiga! Sabedoria, simplicidade, bondade.. Eis valores que transcendem raças! Quem os têm, os têm! E presenteiam com eles aqueles com quem convivem! E - frise-se! - isto prescinde de cor de pele, nacionalidade, títulos universitários, rótulos, estratificações sociais! Ficam além, meus amigos! Ninguém é de índole boa, amorosa, sábia, com base em patamares sociais ou rótulos universitários, mas sobretudo com a sabedoria adquirida mediante vivências, e, indo mais longe, por vezes, após ter atravessado e superado muitas injustiças e sofrimentos! É o cadinho árduo da depuração espiritual - que não dá saltos, nem privilegia ninguém mediante variáveis contextuais! Anos atrás, no programa da Regina Casé, ainda outra negra bela e sorridente, em meio às dificuldades ríspidas, seculares, enfrentadas pelos povos do continente africano, sentenciava, em resposta à pergunta da repórter da razão pela qual era tão sorridente em meio a tantas dificuldades - também com a simplicidade encantadora, quase infantil, de quem apenas vive, despojado de ambições, de arrogância, de orgulho! Aceitando o momento, confiando em Deus! - Sou feliz porque sou assim, é o meu jeito! Ser feliz consigo mesma, com o que se tem para o momento! Sem olhar para os lados, sem encarar o próximo com vistas críticas, discriminatórias! Trabalhava, vendia suas muambas, carregava seu peso sobre os ombros luzidios, calejados, debaixo de um sol inclemente, com um irremovível sorriso largo no rosto. Não julgava, não se preocupava - mas vivia, do seu melhor modo! Este tem sido o modo de vida, a sobrevivência, o tempero sábio da alma negra - com todo o humor, a sapiência, a contribuição cultural e existencial rica com que somam para a evolução espiritual mais equilibrada da grande humanidade deste planeta! Por maiores os tropeços e as dificuldades monumentais dos tempos em que vivemos! Por mais teimosa seja a ditadura racial, imperialista e econômica, arrogância e a pretensa cegueira eugênica de alguns representantes das demais vertentes étnicas ao redor do mundo! - Sou feliz porque sou assim, é o meu jeito!. E é assim, meus amigos, que se transmitem as grandes verdades! Com simplicidade! Com graça e beleza! Sobretudo, com utilidade para consolidar a coexistência pacífica entre todos os povos, porque tudo o mais vem a reboque, em exaltação de qualidade, ou em expressão de fracasso! Aprendamos, portanto, enquanto é tempo!... Ao meu avô Gaspar. À bisavó Nestória. Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 20/11/2013
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