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"Estar no mundo sem ser do mundo"

Textos

 


SEGUINDO EM FRENTE...


SEGUINDO EM FRENTE...

 

Hoje é Dia de Reis. A data em que, pela tradição, recolhemos nossas árvores de Natal brilhantes e coloridas até o próximo dezembro. O dia em que os três reis magos (que, considero, devem também ter sido sábios, tendo em conta como verídica a história sobre o modo como se apresentaram durante sua visita ao Menino Jesus), chegaram ao remoto estábulo em Belém, em saudação ao nascimento do Rei dos Reis - Jesus, o nosso Governador Planetário!

Jesus veio a este mundo para impulsionar esta humanidade adiante! Em passo um tanto lerdo, é verdade, dado o grau evolutivo modesto no qual os povos se encontravam naqueles tempos - e, para certo pesar, ainda se acham. Mas o Mestre bem sabia que a compreensão e realização plenos do Seu ideal de Amor para a Terra ainda demandariam intervalo extenso após a Sua vinda ao mundo. Ainda assim, tomou todos pelas mãos e deixou o rastro: Segue-me. Pois o meu fardo é leve, e o meu jugo, suave... E, mesmo assim, na época em que vivemos, ainda há um sem número de relutantes. Todavia, para tudo é mesmo deste jeito, a fim de que a lição seja assimilada com o senso exato de seu total alcance e valor.

Todo ano nesta ocasião me lembro da história que meus pais não se cansam de me repetir. O dia seis de janeiro marca a data em que o meu saudoso avô paterno, Gaspar, me auxiliou nos primeiros passos. Por outra, me ajudou a seguir em frente. Sob o seu amparo cuidadoso, conta-me meu pai, visivelmente tomado de melancólico mas agradável saudosismo, eu arrisquei meus titubeantes passinhos principiantes, bebê meio rechonchuda que era, debaixo dos zelos deste meu querido avô. Depois de umas quatro ou cinco tentativas, desmoronei no chão - mas para nunca mais parar. Os ensaios seguintes, efetivamente, foram de vento em popa, inaugurando, também para mim, aquela fase infantil do "ninguém mais me segura". Adeus ao colo! Desbravamento da fase agoniante para todos os pais dos "Calma, não sobe aí! Pára! Espera! Não corre! Desça já daí!..." E foi daí para diante...

Não nos detemos, de um modo geral, na importância deste momento em cada uma de nossas existências físicas. O dia em que inauguramos o "seguir em frente" (ou para trás, posteriormente, ao nosso gosto!) Descerra-se, assim, o período definitivo e amplo de nossas conquistas porvindouras. Em todos os casos, porém, sob a égide preciosa de companheiros de caminhada importantes, e talvez que desdenhados injustamente de nossas considerações! Trata-se daqueles seres que, nalgum setor de nossas vidas, ainda e sempre nos auxiliam a dar os "primeiros passos" em alguma situação.

Na creche, no ensino fundamental, médio, ou universitário. As primeiras letras, os primeiros amigos. O saber brincar, ceder e compartilhar. Mais tarde, no começo da vida profissional, as noções mais importantes no aprendizado das convivências do mundo adulto. Responsabilidades maiores, maior comprometimento. A existência, gradualmente, nos delega o preço por vezes árduo, embora meritório, dos nossos avanços, do nosso progresso, porque o crescimento da liberdade implica em aumento de responsabilidades. Lição frequentemente difícil de se aprender - mais do que isso, de se assimilar, e de se realizar satisfatoriamente, de modo a consolidarmos o ideal desejável em todas as épocas do se agir para com o próximo conforme gostaríamos que agissem conosco.

Todavia, mais cedo ou mais tarde, aprendemos. Pela lei do amor ou da dor.

Tudo depende, no final das contas, e principalmente, de nossas escolhas, reações e iniciativas. Importante a qualquer tempo atentar, contudo, naqueles personagens importantes, que sempre nos surgem a conta de guias providenciais no princípio de toda empreitada positiva, das mais simples às mais complexas, orientando-nos os primeiros ensaios.

Dos primeiros passos cambaleantes da criança iniciante no aprendizado, a cada nova etapa corpórea, às vivências mais sofisticadas dos vôos intelectuais, profissionais ou artísticos, não importa. Do abcdário aos projetos arquitetônicos mais ousados. Dos acordes iniciais nas aulas teóricas de música à execução de uma peça magistral de Paganini. O fato é que não importa quem seja o professor, o guia, o instrutor a nos presentear com a lição indispensável do começo do caminho das pedras adequado a que se ande para frente, nesta ou naquela situação por onde nos orientemos vida afora!

Componentes-chave de nossas jornadas individuais, a exemplo, meu avô fora o que me ensinou a dar os lonqínquos passinhos iniciais que me conduziram até onde me encontro hoje. No trajeto, Deus me concedeu a benção de muitos outros guias, incontáveis! Após os pais - os principais - a quem todos honramos com gratidão eterna tão só pela graça do nosso acesso à vida neste mundo, seguiu-se a primeira e competente professorinha do primário. Os mestres do ensino médio e universitário.

Ah, sim! Os amigos de infância e de juventude! Aqueles com quem me afinizava melhor e que me ajudaram a andar para frente na sedimentação da noção do valor da afetividade durante a longa jornada. E também os demais - aqueles com quem talvez tenham existido mais diferenças, mas que também me ensinaram a andar para frente na arte da contemporização, em favor da valiosa harmonização durante as convivências.

Familiares que me ajudaram a não desanimar e prosseguir em frente em horas críticas de dificuldades. Também colegas e amigos de trabalho, sempre apoiando-se mutuamente durante os desafios do longo caminho profissional. Mais recentemente, parceiros abençoados da trajetória espírita, irmanados gostosamente num mesmo ideal iluminado! Os queridos editores e leitores que, acolhendo-nos o trabalho em equipe com nossos mentores e guias desencarnados, vem conduzindo para frente a nossa colaboração modesta à divulgação das realidades da vida nas dimensões invisíveis!

Assim e sempre, com a parceria de tantos que agora vêm espontaneamente às recordações, segue-se em frente! Sempre à frente!

E pensar que, inaugurando a portentosa fase que perdura desde há dois mil anos na história da humanidade, tudo começou com três reis que decididamente seguiram em frente, atraídos pelo ofuscante clarão divino vindo a nós em forma humana que, recém egresso ao planeta sob a égide doce e iluminada de Maria, dormitava um lindo sono na modesta manjedoura.

 

Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 06/01/2013
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