ATÉ QUE A MORTE NÃO NOS SEPARE...
Te escrevo o que é quase algo inexprimível,
e a muitos só lenda - um sonho impossível!
Mas é que o tempo ofertou-me a certeza
de que um grande amor é brava fortaleza
inexpugnável à passagem dos anos,
ao choro, às mágoas, tantos desenganos!
E - certo! - à distância, à inconstância...à morte!
Tal constatação é um golpe de sorte!
Pois, 'inda que passem quase três decênios
e em nós se alterem a aparência, e os gênios,
e não mais sendo eu, deusa, e nem tu, um deus
- o divino Apolo - encanto dos olhos meus! -
Ainda, o ver-te entontece-me a mente,
anula-se o mundo - e a tua imagem, somente
é o que me ofusca a visão; e os sentidos
são todos só teus, quedos, entorpecidos!
Tu és, para sempre, o elixir da minha vida!
E em qual for a era, e a história vivida,
tu residirás em mim - lindo! - adorável;
E é teu, o meu amor, vero, incomensurável...