Zênith

"Estar no mundo sem ser do mundo"

Textos


SEJA O QUE DEUS QUISER!...

Por conta de algo lido por sua vez em artigo de um amigo que também publica sobre autoconhecimento, iniciei esses dias a leitura de um livro bombástico chamado O Código de Órion, de Patrick Geryl. Fala sobre a legendária data dos meios esotéricos, dezembro de 2012, quando uma catástrofe de proporções hollywoodianas coroará o ano clássico, de si, em termos de culminância de profecias milenares e provenientes de vários povos do mundo - Maias, Egípcios, afora os evangelhos de apocalipse e o próprio Nostradamus - que aparentemente colocaram o ponto final desta nossa caótica civilização aí, nesta referência cronológica, embora baseados em estudos, dons, e referências diferenciadas ao lançarem tais afirmações pressurosas.

O conteúdo do livro, em si, é de deixar qualquer um de cabelos em pé. O mais alucinado estudioso esotérico, ou de astrologia e de premonições, ou de temas a isso correlacionados haverá de se deter em inevitável estacato no seu ímpeto e ardor de exame de tais temas, ao deparar com o que predizem os estudos deste cientista belga acerca de inversões de polaridades magnéticas no planeta, abalos sísmicos sem antecedentes na história mundial, e sobre ondas de um quilômetro e meio que se precipitarão furiosamente por sobre os continentes - ou o que restará deles - numa repetição macabra do acontecido há milhares de anos na finda Atlântida.

Acrescente-se a isso, a título de informação que entre seus livros há o best-seller A New Space-Time Dimension, onde faz uma releitura contundente à mundialmente famosa teoria da relatividade, e prediz mudanças no universo, muitas delas confirmadas.

Entretanto, para o estudioso afeito a outra vertente de temas, embora coligados, como no meu caso, e, portanto, leiga no que diz respeito a termos técnicos usados correntemente por cientistas, astrônomos, egiptólogos, e por todo o pessoal correlacionado neste livro como co-participadores das conclusões explosivas às quais chegou - para a sua raiva e desespero, como ele mesmo afirma nas primeiras linhas do capítulo inicial - para alguém como eu torna-se coisa complicada deduzir qualquer acerto previsível para tais fatos indescritíveis, e previstos para apenas daqui a cinco anos!

Patrick Geryl menciona em certo trecho do livro sobre conhecidos seus que, em dando com a descrição de suas conclusões sombrias para o destino do mundo a tão curto prazo, manifestaram vontade inequívoca de morrerem: afinal, para quê tantos planos? E, tomando-se em consideração que, de dentro de uma lógica matemática, noventa por cento da população dos cinco continentes não terá como se esquivar ao inevitável - ou empoleirando-se n'alguma elevação a dois mil metros de altura por tempo indeterminado, ou voando n'algum jato que se coloque acima da tal onda e sucessão cataclísmicas por outro tanto indefinível de tempo, ou enterrando-se n'alguma toca inimaginável - tudo coisa inviável! - é mesmo compreensível que nós, meros mortais, nos ponhamos a nos questionar qual o sentido que sobra para este resto de nossa trajetória.

Tenho, por exemplo, dois filhos: uma com seis, outro com quatorze - e todo um universo de planos sonhadoiros para o futuro dos dois. Lendo neste Código... sobre o fim inevitável; sobre as revelações estarrecedoras obtidas de um alinhamento dos cálculos matemáticos das constelações celestes desvendados em escrituras egípcias, que - sem apelação - segundo Patrick, desvendam para 21 ou 22 de dezembro de 2012 condições idênticas nas posições de Vênus e da estrela de Órion, anunciadoras, portanto, de mais um final de ciclos sempre arrematados com tais eventos terríficos na história planetária... em lendo tais assertivas não posso me furtar a me questionar seriamente a razão que resta para todos estes meus planos. E afundaria num inevitável mar de aflição antecipada a estas eventuais catástrofes se alguma coisa - uma voz interior - não sei se algum tipo de dispositivo ou de instinto de preservação psicológica e emocional, não me segredassem como solução, diante desse impasse, o velho embora sábio adágio; mais sábio do que poderia parecer em qualquer outra circunstância: Seja o que Deus quiser!...

Sabem...a visão de dentro, aquela visão e voz mais íntima, que nos guia e sustenta jornada evolutiva adentro...segreda que existem ciclos universais, e, atreladas a isso, Leis de regência dos códigos da vida; desde no plâncton, quanto nos mundos gigantescos rodopiando no infinito. Obediente a isso, então, não é tão difícil reconhecer os ritmos de vida de cima repetindo-se nos debaixo.

O corpo humano inicia sua curta jornada terrena em estágios incipientes de desenvolvimento, que encontram seu ápice no período mais expressivo de realizações do homem, para depois desaguar, gradativamente, no seu declínio, até o ponto em que se precipita, inexorável, ao arremate natural de sua utilidade como instrumento de mais uma etapa de nossa manifestação na crosta planetária. O que observamos, portanto, na vida dos mundos, quanto nas das civilizações, em escala de tempo muito mais vasta, também obedece a ciclo semelhante.

Vivemos em tempos em que tudo esfervilha numa amálgama caótica, com povos se esbatendo numa pressuposta culminância material (a expressividade máxima da civilização tecnológica, correspondente àquele cume na produtividade do nosso organismo) que, no entanto, friamente analisada, já denuncia sinais inequívocos da sua decrepitude, para tanto que o festival feérico do avanço material produz, incessante e diariamente, renovadas alternativas de conforto superficial - ao que parece, contudo, inócuas do ponto de vista do atendimento às carências e às prioridades reais da qualidade da vida!

O superdesenvolvimento tecnológico e científico, deslumbrante quanto espetáculo monumental de fogos de artifício, satisfaz o corpo numa gama imensa de prioridades criadas e vendidas como necessárias aos novos padrões de existência; mas não suprem os males milenares e renitentes das manifestações ininterruptas das guerras, da violência, do desamor, das condições precárias da saúde, e da mortandade em massa decorrente da fome, e de novas e antigas moléstias. Lembra, portanto, a nossa civilização atual, um majestoso e descomunal navio, lustroso e inigualável em beleza estética do seu lado de fora - repleto, contudo, no seu lado de dentro, de todo tipo de tranqueira desnecessária à leveza do seu bom desempenho no desbravamento dos oceanos: coisas que não somente comprometem o limite de sua capacidade e de sua função, no bem conduzir um número incontável de vidas a salvo sobre os riscos inerentes ao mar profundo, como ainda criam, em processo ininterrupto, todo tipo de problemas sérios no habitat interno, comprometido por elementos estranhos ao que se pediria para a boa qualidade de vida dos que ali convivem.

É desta forma que, ultrapassado aquele limite saudável de expressão de vida no seu auge, e em condições desejáveis para os povos de uma era, uma civilização vai de encontro ao seu declínio. E, em decorrência mesmo da incúria e do padrão distorcido, desvirtuado do modo como passa a conduzir a existência segundo parâmetros enganosos e nocivos às necessidades reais da vida humana, declina, natural e inexoravelmente, para a sua decrepitude, como gigantesco organismo envelhecido e vitimado pelo desgaste máximo de todos os seus potenciais.

Civilizações, como seres, e orbes, são estrelas que nascem, atingem seu ápice vital, e se apagam...melhor me exprimindo, se transmigram ou transmutam para novas dimensões, universos, formas, e estágios de vida no infinito. E, em se tratando de processo colossal, onde tudo se acha interligado - de fato - matematicamente forças, correntes e movimentos galácticos, universais, solares, interagem e participam ativamente em ciclos maiores ou menores que se iniciam e findam, assim como, na transição do corpo humano ao fim da vida material, a Terra concorre, absorvendo, do homem, os seus elementos constitutivos para a composição de outras formas de vida, assim como nós mesmos gravitamos rumo àquelas paragens universais condizentes, em semelhança, com nossas próximas necessidades e planos de realização, em jornada infinita.

Que Órion e Vênus, em uníssono com as explosões solares, estejam anunciando o arremate próximo da nossa já tão sofrida civilização contemporânea; ou tenham os cientistas de vanguarda se equivocado no estudo ininterrupto dessas coisas, e na sua ânsia bem intencionada de saber e prevenir - de qualquer modo trata-se, de nossa parte, de simples aceitação do inevitável. Porque somos e seremos sempre co-criadores e realizadores, seja onde for que o Universo nos situe na nossa próxima empreitada.

Seja, portanto, o que Deus quiser - por mais inesperado e espantoso o que aconteça - porque segundo as diretrizes do Criador deste Universo perfeito e magnífico sobre as nossas cabeças, seja o que for que venha a nos acontecer, será, certamente, para o bem maior...Será bom e necessário!

Com amor,
Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 09/01/2007
Alterado em 09/01/2007
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