SE FOR PARA O BEM...
"Se for para o bem, acontecerá..." Ouvi de minha cunhada esta frase algumas vezes, e nunca a esqueci, porque contém, em poucas palavras, muita sabedoria. Ontem, voltando do trabalho, após um período longo de agitação, reparei que o céu já escurece mais tarde. É sempre assim, pontualmente, na segunda quinzena de agosto. A Terra prossegue no seu rodopio solene. A estação, devagarzinho, vai mudando, e nos aproximamos um pouco mais da primavera. Aparecem os cupins voando em volta das luzes noturnas dos postes. Dá uma sensação boa, isto. Sensação de renovação, de novo fôlego, após o longo intervalo que vai do outono ao inverno, no qual as árvores enregelam, perdem as suas folhas, e os jardins ficam sem flores. E nós, de certa forma enregelamos junto. Deixamos cair, também, algumas de nossas "folhas"... Planos que não vingaram. Acontecimentos difíceis, ríspidos, que desejamos esquecer. E desafios que, não sei porque, para um bom observador, costumam nos colher em cheio sempre e justo nesta mesma época do ano. Casacos, frentes frias, zelos com a saúde contra as intempéries e as rajadas geladas impiedosas que investem, vindas do sul. Tiritamos junto com as árvores e com a natureza, e não apenas por sentir frio. De um certo ponto de vista, há um contexto mais árduo para muitos, neste período do ano em que o calor do sol barganha com a dispensação dos seus raios sedativos! Não deve ser por um acaso. Sempre que vai se encerrando um inverno, ensejam-se reflexões preciosas sobre a capacidade de restauração inerente à vida que se agita em tudo, como em todos nós. Os primeiros calores da proximidade da primavera podem encher de novo alento os mais sensíveis, que pressentem, nisso, o poder de transcendência constante inerente à natureza e a nós mesmos, regenerando e revitalizando todas as coisas, acima das cinzas do que se foi. Dias mais longos. Luz! Ânimo renovado, após os dias mais escuros! Ressurreição de nós mesmos, sobre os embates e os desafios. Nesta época, tudo parece se revestir de nova luz! Pois prosseguimos, apesar e além dos meses de frio, com os seus dilemas e canseiras. E, não obstante de dentro da sempiterna continuidade investindo sem parar novos fatos e acontecimentos, nos descobrimos ainda aqui! Conscientes! Inteiros! Sim; somos nós, aqui e sempre! Com outras roupas e idéias. Com outro ânimo, e certamente mudados, quanto a uma série de quesitos e ao que éramos no primeiro semestre. Ainda com dúvidas e perguntas sem respostas. É da Vida! Mas prosseguimos, agora! Aqui! Não há como nos iludirmos quanto a esta verdade: a busca, as perguntas, os desafios, continuarão, sempre. Porque o aprendizado é eterno. Todavia, aprendemos também que qualquer ansiedade a mais quanto a isto será inevitável fator gerador de angústia. A renovação dos ares primaveris, com suas novas luzes e cores, e com o aconchego de dias mais quantes, nos colherá, inevitavelmente, com outras questões. Atingirei meus objetivos? Fiz tudo como devia? Ou não deveria ter falado ou agido daquela forma? Deveria mudar de pareceres ou de atitudes quanto àquele pormenor? E agora, como me posicionar diante destas mudanças que não estavam programadas? Esquecer ou não esquecer uma ofensa? Revidar? Ignorar?... O que, afinal, na continuidade pura e simples das horas, será mais conveniente ao bom andamento dos nossos interesses mais ou menos imediatos, à nossa convivência com os que nos acompanham no contexto de vida cotidiano? Alcancei e alcançarei os meus intentos? E o raiar dos dias e de cada primavera nos envolve com a renovação constante da vida latejando em nós e em tudo o que nos cerca. Assim como cada começo de estação, com suas nuances e humores, nos propõe situações sempre inéditas! Assim como, após o inverno de cada fugaz existência material, despertaremos num amanhã perene; na mesma continuidade pura e simples, cheia de atividades e surpresas, na qual tudo será exato! Tudo será oportuno ao nosso aprendizado. O Criador, perfeito e equânime na regência do equilíbrio estupendo do vasto Universo acima de nós, não erraria na mão justo na administração essencial de nossas pequenas vidas! Então, apesar e a despeito das dúvidas, dos temores, daquelas nossas ansiedades mais ocultas... não há porque não confiar, não esperar! Há que se cultivar a fé - mas não somente por crença cega e pueril. E sim porque fatos concretos nos demonstram, a cada dia, a maestria do renascimento eterno de todos e de tudo, acima de todos os acontecimentos, sejam os melhores, sejam aqueles (de nossa ótica limitada para perceber o benefício prático de tudo) piores! O que for... O que vier! A Vida não erra a mão, meus caros leitores! Se for para o bem, acontecerá!... Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 17/08/2011
Alterado em 17/08/2011 Copyright © 2011. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |