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"Estar no mundo sem ser do mundo"

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VISITANDO NOSSO LAR

O artigo de hoje caberia em palestra útil, e se destina a compartilhar uma vivência que, obviamente, acontece ao médium com a finalidade maior de ser transmitida aos em situação de reencarnados, além do objetivo instrutivo de que para mim mesma se revestiu.

Autorizada e conduzida pelos mentores, estive em inesquecível visita à colônia Nosso Lar!

Os já familiarizados, que tomaram contato com o livro psicogrado por Chico Xavier,  de autoria espiritual de André Luiz,  sabem tratar-se, o lugar, de uma grande cidade espiritual situada nas dimensões invisíveis acima do Rio de Janeiro.

Como muitos, imaginava a bela cidade do espaço revestida da aura sobretudo luminosa, algo romântica, naturalmente idealizada a partir da leitura da obra,  ou das cenas assistidas na inspirada produção de cinema, de Wagner de Assis. Todavia, a região visitada durante o desprendimento da noite não foi a dos jardins e bosques esplendorosos, nem mesmo a dos Ministérios e ângulos encantadores da grandiosa colônia do invisível! Com finalidade evidentemente educativa ao meu espírito, fui conduzida para onde se situa o vasto departamento de recepção aos recém vindos da vida corpórea!

Em tudo e por tudo um susto! Uma mistura inextricável, de enlevo pela situação em si e pelo meu testemunho vívido, impressivo, com inequívoca sensação da humildade exacerbada pelas dimensões insuspeitadas do trabalho ali empreendido!

Em lá chegando, encontrei-me, no interior de um prédio, com alguns médicos em atividade, um dos quais - que me pareceu o próprio espírito generoso de André Luiz, a quem sempre elevo minhas preces e pensamentos em inúmeras situações, em busca de orientação e lenitivo durante a caminhada - me dedicou breve atenção para, além de algumas palavras, aconselhar-me a visita a um certo interno chamado Orlando (e mencionou o sobrenome, do qual não me recordo com clareza). Orientou-me sobre o caminho a ser tomado no labirinto impressionante que eram os corredores e alas da vasta instituição, em ebulição de movimento e de gente como prodigiosa colméia: - Vá até a ala médica número 5, após, vire à direita...

Dali, segui; a partir de certo ponto, acompanhada de mulher de aspecto jovem e modos vivazes. Fundamente impressionada de tudo que via no trajeto: alas sequentes, imensas, ocupadas todas por pacientes acomodados confortavelmente em camas bem espaçosas. Alguns casos críticos, ininteligíveis! Médicos e funcionários do lugar às dezenas, em movimento incessante para todo lado. Reparei que no ambiente usava-se obrigatoriamente um jaleco branco e uma máscara verde no rosto, à moda cirúrgica, certamente pelas mesmas razões profiláticas dos hospitais terrenos. Apanhei-os, sobre uma bancada onde estavam disponíveis, para vesti-los. Os médicos, de acréscimo, traziam toucas brancas recobrindo os cabelos.
 
Um ir e vir monumental, em setores dos quais entendi se tratar daqueles nos quais eram admitidas visitas aos que eram recém vindos da matéria, oriundas da própria cidade espiritual, ou da materialidade, em horário evidentemente - supus, com facilidade - destinado a esta finalidade!

E - detalhe digno de nota! - alguns dos presentes, que depois compreendi provenientes da matéria em situação de desligamento do corpo,  visitando os hóspedes, traziam consigo suas impaciências e traços comportamentais, sem alteração digna de nota! De fato, em corredor de acesso apinhado de gente que ia e vinha em dois sentidos, como numa via pública, chegamos a presenciar ligeira altercação à nossa frente. Alguém que seguia num sentido, em se vendo retido, contrariado, em certo trecho, por quem vinha em sentido contrário com a mesma disposição enervada, exclamou: - Nem adianta, que assim você não vai passar!...

Imagens salteadas me marcaram impressivamente a memória - algumas, verdadeiramente surpreendentes!

Noutro momento atingimos região na qual intuí a réplica de um cemitério - ou talvez, mais acertadamente, a visita à cidade tenha sido intercalada com a jornada a algum, na companhia de uma equipe socorrista de Nosso Lar. Pois presenciávamos grupos entoando cantos,  e outro carregando, em espaço a céu aberto, um caixão com flores, no qual se avistava um homem em movimentos fracos de quem como que ia despertando. Aparentemente, se bem interpretei a situação, as equipes socorristas respeitam rituais e cerimônias particularizadas, segundo os costumes familiares de cada desencarnante, para depois encaminhá-los às alas socorristas da colônia, de que acima lhes dei conhecimento.

Em dado instante, e espantada da magnitude intraduzível do trabalho ali desenvolvido, comentei para a minha acompanhante:

- Como é que pode alguém lá (em me referindo à materialidade) acreditar, de algum modo, que nós morremos?! - ao que a moça, de modos sempre simpáticos, me dirigiu alguns comentários a propósito, que também não retive com clareza nas lembranças do episódio.

Lembro que já na hora da despedida encontramos um rapaz de aparência moça, ruivo, com quem começamos a conversar. Também em local a céu aberto, não sei se algum departamento da própria cidade, ou se ainda na região de possível cemitério terreno, onde as equipes socorristas operavam - creio que a primeira hipótese, já que ele nos via e, dado o que nos disse,  atestou estar ainda em situação de reencarnado, acusando tratar-se de parente daquele a quem se referiu, e que havia acabado de deixar a matéria.
 
Contava, entristecido, ter perdido o filhinho pequeno. Sensibilizada, e condicionada pelos usos corpóreos, dirigi-lhe meus sentimentos, para logo depois, após breve diálogo, dizer-lhe,  confiante:

- Tenha força; observe que ele não morreu, não acabou! Ele está aqui, em Nosso Lar!

Afaguei-lhe de leve o braço; ele me agradeceu as palavras de incentivo, mais alentado.

No fim, perdida no labirinto das alas e corredores lotados, não achei Orlando,  cujo caso o dr. André me recomendou para instrução. Após a palestra com o pai desconsolado vi-me de volta ao corpo de rompante, espantada do que ainda me recordava, vividamente - e também feliz, por ter de algum modo reconfortado um dos muitos visitantes desalentados de desencarnantes recentes.

Dessa vivência belíssima, ficou-me a certeza de que Nosso Lar é,  sobretudo, e a par de luminescente colônia espiritual, estação de trabalho útil e aperfeiçoado em prol da Vida e dos seres humanos!


Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 06/05/2011
Alterado em 06/05/2011
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