PARALELAS
(Belchior) Dentro do carro sobre o trevo, a cem por hora o meu amor Só tenho agora os carinhos do motor. E no escritório onde eu trabalho sempre complico, quanto mais eu multiplico diminuí o meu amor. Em cada luz de mercúrio vejo a luz do teu olhar, passas praças, viadutos. Nem te lebras de voltar, de voltar... de voltar... No Corcovado quem abre os braços sou eu. Copacabana, esta semana, o mar sou eu. E as borboletas do que fui pousam demais por entre as flores do asfalto em que tu vais. E as paralelas dos pneus na água das ruas, que são tuas, estradas nuas em que foges do que é teu. No apartamento, oitavo andar, abro a vidraça, e grito quando o carro passa: teu infinito sou eu! Sou eu! Sou eu! Sou eu! No Corcovado quem abre os braços sou eu. Copacabana, esta semana, o mar sou eu. Como é perversa a juventude do meu coração, que só entende o que é cruel, o que é paixão. Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 03/11/2006
Alterado em 03/11/2006 Copyright © 2006. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |