Zênith

"Estar no mundo sem ser do mundo"

Textos


ELOGIO DA CRIAÇÃO

"- Escritor... olha a profissão do outro!..."

Esta a "pérola" ininteligível que ouvi por acaso, por estar próxima a uma conversa paralela ao lugar onde me encontrava.

Agora, sem a necessidade de nos determos nas possíveis razões pelas quais ainda existem mentalidades que enxergam a realidade debaixo destes parâmetros míopes - talvez ainda atrelados a um tipo de padrão mental de gerações de há muito extintas, que não conseguiam enxergar no trabalho artístico de qualquer vertente um trabalho, na sua conotação útil e produtiva, vamos passar ao que mais nos importa, a partir de uma análise generalizada, devido à exiguidade do espaço, da verdade indubitável de que tudo - mas tudo, e durante todo o tempo! - não foge aos requisitos da criação pura e simples, mesmo quando fugindo à esfera tida como diferenciada das artes, sejam elas literárias, dramáticas ou visuais.

Queridos, Jesus criou, para começo digno de exposição: criou um modelo de pensamento e atitude tão revolucionário que influenciou todo o rumo de uma civilização, dobrando o paganismo à assimilação, nem que meramente interesseira e institucional, de seus princípios, para que dois mil anos depois gerações sobre gerações mencionem suas máximas de amor, para um modelo de mundo mais avançado. E que não se atribua a esta conjuntura qualquer caráter elitista ou separativista, porque os preceitos que Jesus nos legou, o amai ao próximo como a ti mesmo e a Deus sobre todas as coisas, e o não fazei ao próximo o que não quereis para vós mesmos foram apregoados por muitos outros como Buda e Mahavira - apenas diferindo climas, nações, épocas e idiomas. E são de ordem absolutamente cotidiana e prática, cuja utilidade constata-se nas minúcias de nosso dia-a-dia. Não há, pois, como se negar que, soubesse o homem alijar de si suas limitações críticas derivadas de ego, vaidade e orgulho para criar sua trajetória rigorosamente sob estes preceitos, e o mundo de há muito já teria deixado para trás os resquícios graves da barbárie que ainda hoje atiram nações contra nações.

Nesta mesma linha evoluída de se viver, criaram dias e ocasiões maravilhosas para si mesmos e para muitos que lhes usufruíram das claridades íntimas gigantes espirituais como Chico Xavier, com sua abnegação bondosa, sem limites; São Francisco de Assis e Madre Teresa de Calcutá também exemplificando acerca desta nutrição amorosa primordial e mais necessária às almas humanas. Mais recentemente, também Chico Mendes na sua luta pela valorização do meio ambiente, e ainda Zilda Arns na valorização da vida humana!

Todos, lançando mão dos meios e recursos ao seu alcance, simplesmente criaram e exemplificaram modalidades exemplares de coexistência.

E é neste contexto, como em tudo o mais na passagem rápida das semanas e dos dias, queridos, que cada um de nós em sua esfera de ação - bastando apenas um apelo determinado à ação da vontade - cria o mosaico gigantesco do panorama mundial, a partir de nossas particularidades a primeira vista desimportantes!

Como qualquer escritor, ou pintor, diante do papel ou da tela em branco, criamos cenários e dramas felizes, tristes, coloridos ou em preto e branco, de maiores ou menores implicações nas paisagens que nos cercam, em dependendo-se sempre, e em primeiro lugar, de nossas tonalidades e inspirações íntimas! Do modo como vamos paulatinamente reagindo ou interagindo com o que a vida constantemente nos oferece como material de moldagem de nossa próprias edificações!

E em que mundo fabuloso de criação contínua vivemos atualmente!

Tudo questão de sintonia, de pura escolha - e a verdade é que, neste processo gradativo, já principiamos significativa mudança de dimensões sem realmente percebermos - antes mesmo da chegada natural da transição corpórea que, seletiva e criativa como tudo o mais, nos situará então, nem mais nem menos, que com o simples resultado de nossas criações individuais!

Ainda há pouco mesmo escutava, em estado espetacular de desprendimento espiritual para estas magníficas dimensões da Luz, a composição diamantina da obra musical de Corciolli intitulada Nosso Lar!

Harpas, teclados, violinos, na inspiração criativa excelsa de um compositor musical - e eis-nos refeitos de toda a carga por vezes ingrata de estresse acumulado durante toda uma semana de trabalho movimentado!

Noutras vertentes artísticas, o leque infindável de variedades musicais para todos os gostos - do clássico ao popular, regionais, nacionais ou estrangeiros! Música clássica ou celta; baladas, cantores virtuosíssimos!

Na literatura, autores que nos presenteiam discorrendo sobre todo e qualquer assunto possível, e de utilidade ao nosso enriquecimento íntimo - desde a culinária aos assuntos políticos, econômicos e sociais. Filosofia e religiosidade. Pintura - as correntes e tendências contemporâneas. Também na arquitetura e urbanística; na preservação de ambientes, de parques e jardins...

Infindável a enumeração fidedigna de todas as ramificações do uso da criatividade na vida! A exemplificação de todas as áreas de atuação nas quais o que se constata é que tudo não passa de questão pura e simples da constante criação humana moldando e ensaiando realidades mais aperfeiçoadas - ou, quando muito, atentas a temperamentos e tendências dos muitos povos espalhados sobre o planeta!
 
Os interiores de nossas casas; as minúcias das escolhas e relações profissionais; nossos lazeres, e a forma como os realizamos; o modo de se conviver com familiares ou estranhos, com amigos e vizinhos... com o nosso semelhante!
 
O que oferecemos diariamente a partir de nós mesmos, de nossas intenções e iniciativas pelo bem estar mútuo e de nossa coletividade? E como se dá o nosso crescimento pessoal e conjunto, a partir deste universo insuspeitado de minúcias importantíssimas e contribuições individuais para a arte final daquilo que se construirá como o nosso tempo e nosso meio social, com consequências indiscutíveis para as gerações futuras?

"- Escritor... olha a profissão do outro!..."

Há de chegar o dia, queridos, em que mesmo  para a solução das questões mais intrincadas de ordem política e social, as autoridades e povos de cada nação entenderão, em caráter definitivo, que nenhum final feliz será feliz de fato excluindo qualquer indivíduo ou coletividade, porque da beleza e harmonia das páginas escritas por cada um de nós dependerá a ventura plena da história da humanidade!  

Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 10/10/2010
Alterado em 10/10/2010
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