Zênith

"Estar no mundo sem ser do mundo"

Textos


ABORTO, SIM?!...

Alguns certamente rotularão a mensagem contida neste artigo de clichê, e nunca será demais voltar a este tema, pelo amor do aspecto sagrado da Vida!

Que seja! Afinal, algumas das mais belas e úteis lições aprendidas por todos nós ao longo de nossa jornada eterna se sustentam em clichês. Amor. Fraternidade. Solidariedade. Respeito... Todos estes sentimentos e valores humanos, de tempos em tempos, em dependendo do contexto no qual são visualizados ou presenciados, são astutamente taxados de clichês. Não importa! Contanto que tais "clichês" nos reconduzam, a cada momento, ao que de fato importa na condição humana!

Assisti há pouco, num programa de tv, um dos vídeos provavelmente mais tocantes do mundo para ilustrar devidamente aquilo que - deveria! - ser o principal apanágio da dita condição humana! Numa manada de elefantes, em liberdade em seu habitat!

O filhotinho de elefante está atolado num rio lamacento. Por certo que não sairá. A mãe aflige-se, inutilmente, na tentativa de içá-lo para fora com movimentos da tromba. O degrau do terreno é alto demais para o filhote. Ele tenta, derrapa, não consegue. A mãe puxa, empurra. Meio que entra de volta no rio para auxiliá-lo, agora já com o auxílio de um elefante menor que aparenta ser um irmão do menorzinho...

Tudo em vão!

Decorrem mais momentos aflitivos sem resultado, nesta luta. A impressão é a de que o pequenino animal, por vezes somente com o topo da cabeça para fora dágua, nalgum momento afogará de vez, sem fôlego...

...se não houvesse no terreno em torno a numerosa manada de elefantes!

Porque é ela que subitamente, em vendo a aflição de mãe e filhote, se aproxima em bando, decidida! Cerca-os, e soma esforços! Trombas e patas! Entra agora a mamãe no rio lamacento e revolto dos movimentos dos animais reunidos. Entra também o que parece  o irmão. Puxam e empurram. E agora a mãe instintivamente induz, com o corpo grande e maciço, o filhotinho a andar com ela e demais componentes do bando em lateral, margeando a poça, até a um ponto em que a ribanceira nivela mais rasa, ao alcance das pequenas perninhas do pequeno, que, seguro, aceita a orientação materna.

Todos reunidos! Ainda assim, todavia, o último degrau a ser vencido é alto para o alcance do filhote. E a mãe, naquela última e luminosa inspiração que normalmente mais às mães é inerente, escava com o pé a lama, nivelando o terreno mais um pouco, paciente... e sempre cercada do apoio amparador dos demais do grupo!

Um último empurrãozinho, e o bichinho enfim sobe, aliviado... no aconchego da mãe e da presença protetora de todos os demais animais da manada!

A mãe não desistiu do filhote, embora exausta, entregando-o à sorte malfadada que certamente, no primeiro momento, o aguardava!

O aparente irmão em tamanho somou logo esforços à agoniada tentativa de salvamento da mãe...

A manada, solidária, se acercou em atitude de auxilio imediato, assim que notou o drama se desenrolando na margem do traiçoeiro lamaçal...

A circunstância de abandono de um semelhante em delicada posição de fragilidade e de risco de vida não teve lugar ali, onde todos eram por um!

Em nenhum momento!

Sublime, pura e simples valorização da Vida!

Ante o fascínio provocado, pelas cenas impressionantes, em todos aqueles mais sensíveis, a pergunta emerge, inevitável:

Aborto, sim?!





CALEIDOSCÓPIO

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Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 15/08/2010
Alterado em 15/08/2010
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