RENDO-ME
Rendo-me ao que tem e ao que não tem mais jeito...
Amor meu! Que não penses que é fuga ou mero despeito...
Todo o horizonte em torno é envolto em pesada neblina!
Em toda direção nada é visto, nada se descortina!
E ao mesmo tempo eu te vejo aqui, e por toda parte...
Em mim, e nas ruas, nos céus, e no Sul, e em Marte...
É apenas você que encontro em qualquer direção:
num sorriso entrevisto, num olhar esquivo, no meu coração...
Mas ao mesmo tempo o vazio em volta é desolador!...
Em mim tu resides, tão perto e tão longe - eis a maior dor!
Então eu me rendo ao que tem, e que não tem mais jeito:
a distância - de quem, no entanto, vive bem aqui, no meu peito!
Pulsando a seiva da minha vida, o teor da minha história,
embora o teu ser visível siga, por agora, outra trajetória...
Tem jeito, portanto, e sem remissão, o meu amor eterno
que te há de fazer tão presente, tão junto de mim no inverno
desta minha vida sem rota escolhida; e sem direção,
sempre tendo-te, onde quer que eu vá, sob a minha visão...
Com amor,
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