Zênith

"Estar no mundo sem ser do mundo"

Textos


NÃO QUERO TER ESTRIAS!

Aháááááá!!! Peguei vocês, não?! Já estavam aí achando que eu explanaria minhas reflexões sobre a boa forma física, pra conservar a aparência, o corpo sarado, talvez sugerindo mais alguma daquelas fórmulas miraculosas ou maravilhas (bem questionáveis!) da cosmética mundial, que bem combatam as famosas estrias - aquelas indesejáveis rachaduras na pele que tanto enfeiam os amantes da perfeição corporal! 

Redondo engano, meus queridos leitores! Preguei-lhes uma peça!

Olha, digo-lhes o seguinte: procuro manter sempre os pés no chão, em compasso com o todo da minha realidade e expressão no mundo. Já ultrapassei as inseguranças da adolescente cheia de grilos quanto à própria aparência; já trascendi estas e outras inseguranças; já me aceitei, a esta altura, sem me depreciar nem vangloriar demais. Tanto que não engano a idade, acho perda de tempo. Atingi a fase onde já vivi suficiente para aprender a empinar o nariz e me gostar, e me aceitar com todas as nuances externas e internas - daquele modo quando, enfim, compreendemos a subjetividade da beleza. Já vi gente dizendo que não acha nada demais na Gisele Bundchen. Outros a veneram como deusa da estética! Como dizer quem tem razão?!

Então, meus amigos, longe estou de ser Gisele Bundchen, mas também a Bruxa malvada da Branca de Neve...E estou me atendo apenas à superficialidade humana; às referências padronizadas, tacanhas, do lado de fora! Vamos ao que interessa!

Meus caros, as estrias que não quero ter são outras! Não quero estrias da alma, que nos racham, esfacelam a felicidade e o sossego, que nos roubam a serenidade! Quero, ainda e sempre, proclamar o amor entre os seres como a coisa mais grandiosa, e como a salvação absoluta deste mundo convulsionado pelo ódio, porque, desta forma, não sobreviveremos! Então, viva os amantes, e toda a forma e expressão do amor, daquele Amor sublime que nos eleva às culminâncias dos céus!

O desamor entre os seres vem provocando "estrias planetárias" que ainda podem acabar rachando este lindo mundo em dois!

O que existe nas maiores coisas, existe nas menores! Estas estrias, que tanto incomodam os amantes das formas, representam uma parcela microscópica dos males que nos atormentam, e que importam de fato!

Quero que um dia de mim se recordem, sim, como de uma pessoa que levou a vida apaixonada pelo próprio amor, e pelo amor entre os seres, e pela emoção transmitida por este jogo incrível e perfeito presente nas luzes e sombras mágicas entrevistas num nascer do sol, do alto das montanhas! 

Não quero permitir a existência de estrias no meu íntimo; de deformações que me roubem a capacidade de conviver com os outros irradiando, ao menos um pouco, o encanto destas luzes presentes na vida! Quero que me recordem como alguém que teve a vontade de provocar nas pessoas que comigo conviveram a sensação de se encontrarem na contemplação de um destes nasceres do sol; é esta a energia, a aparência que desejaria entrevissem no meu rosto, no brilho do meu olhar, no meu todo, ao me encontrarem, ou comigo conviverem: a energia da calma, da serenidade, da alegria indefinível, da felicidade íntegra...E, para isso, não pode haver "estrias espirituais": não podem existir na nossa expressão interna e externa ódios, desassossego, ressentimentos, mágoas, agressividade...Porque estas são as reais rachaduras, internas, que enfeiam a vida e os relacionamentos, e a saúde e, por conseguinte, o próprio corpo!

Porque, meus amigos, a vida se expressa num todo: nunca, por maior seja a perfeição física, transmitiremos a ninguém, a nós, e menos ainda aos outros, a realidade de uma beleza seqüelada, incompleta, que luta para se manter por fora mas que se acha destruída por dentro, sem correspondência no nosso ser e no nosso modo de ser!

A superficialidade feroz da nossa época seqüela as pessoas deste modo, levando-as à desastrosa ilusão de que o belo por fora basta para se obter a segurança da felicidade.

A beleza é um todo, de dentro e de fora: assim, toda a beleza é, antes de qualquer coisa, tranqüila, serena, e não transmite nada diverso das emoções reconfortantes condizentes com estes atributos.

Uma perfeição de formas originada num ser repleto de ríspidas "estrias da alma" acaba, antes, agredindo, após pouco tempo de convivência. Traz inquietude, nunca a paz. Esta a razão de muitos seres tidos como comuns, inexpressivos do ponto de vista estético alardeado pela mídia consumista dos nossos tempos, proporcionarem tão grande impacto com um certo tipo de beleza irresistível, que é antes uma combinação misteriosa e sublime do belo interior e do exterior...de um todo! Como no Todo se fazem insuperáveis as belezas da vida, dos mares, das colinas, das flores, das cores, do nascer e do por-do-sol!...

São estas, então, meus amigos, as estrias que não quero ter!  Para, mais do que talvez ver-me simplesmente feliz com o meu corpo, alcançar, acima de tudo, o ser feliz!

Com amor,

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Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 02/09/2006
Alterado em 26/09/2006
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