SOPRO VITAL
Como um tirano perfume volátil que vem e impregna, eterno, retrátil o hálito, a alma, as linhas da palma, e tudo o que restou da calma... E torna-se a própria e final consistência do que até então era cava existência... E toma-nos, suave, de começo a salvo... e então se apodera do alvo!... E dia e noite é o senhor de sua mente, do corpo e do espírito...louco, demente! Pois negue que pela manhã não é ele o primeiro divã a quem te entregas, e o teu pensamento, e à noite, em refregas, teu maior alento!... No escuro dos sonhos, tons apaixonados ecoam nas peças desertas, cômodos calados... E surgem delírios a cada vil hora: a dor da saudade, a inclemente demora... e sem previsão de fim, de arremate! Um jogo se encerra em empate... Não é o meu amor lá, distante, - aquele jogador, ou - ainda! - ali, o torcedor?!... Ah, amor embriagante qual ópio implacável, vil, narcotizante! Pois que o vemos a cada minuto do tempo em cada detalhe diminuto da passagem lenta e infindável dos dias... Extensas, intensas, tensas agonias! E em cada rosto passante na rua chuvosa e em cada viela escura, lamentosa... E em meio ao tumulto dos bares, e nos céus, no ultraleve cortando os ares... E ali, no vizinho saindo apressado como se zombando, debochado do êxtase tonto da minha visão, da ilusão, e do sopro fatal e vital deste meu coração... Com amor, DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS. PROIBIDA A REPRODUÇÃO, CÓPIA OU PUBLICAÇÃO SEM A AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DA AUTORA. Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 23/08/2006
Alterado em 26/09/2006 Copyright © 2006. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |