MEU ENIGMA
Olhem, espectadores: este meu enigma
é indecifrável; pois é grande estigma!
Espectral estigma, puro, camuflado,
excelso, idolatrado, mas tão bem guardado
que só mesmo o cerne da eternidade,
na suprema chama extrema da Verdade
de sua charada reconhece a senha;
pois nela é reclusa a mesma resenha
com que, esculpido através das eras,
lateja, agora, oculto em quimeras...
Na minha quimera! Reservada a dois:
um só no plural! Assim Deus dispôs!
Olhem, meus senhores! Não é teorema,
hipótese, tema, ou pretenso dilema!
É inacessível, o meu sagrado idílio,
éden de um só par unido em concílio
de um Amor gerado na Fonte Sagrada,
no seu nascedouro: Terra Venerada!
Às vezes me rio de quem pressupõe
deste meu enigma - pois ninguém dispõe
de um entendimento do impresumível;
que ninguém se arvore em ser o impossível!
Quem, da minh'alma, é a inefável vida,
preciosa luz brilhante, escondida!...
Olhem, meus leitores: só existe um!
E ele é a contraparte - lindo, incomum! -
da minha prolongada e apaixonante história
de só dois que se amam em completa vitória!
Com amor,
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