ONDE ANDAM VOCÊS?!...
(Dos Tempos do Colégio Metropolitano)
Hoje uma colega do trabalho veio de novo para mim, falando sobre um assunto que já abordáramos de maneira mais superficial n'outro dia. Disse que valia a pena visitar o site do Colégio Metropolitano, no bairro do Méier, no Rio de Janeiro. É um Colégio tradicional, no qual não apenas ela estudou, e hoje em dia a sua filha, mas também, coincidentemente, outros colegas meus, do setor profissional. Um Colégio com histórico de décadas de referência no ensino, naquele bairro da região norte da cidade.
Entusiasmada, contou esta colega do espaço criado no site para fotos e comentários de ex-alunos - de todas as décadas, desde o início!
Animada daquilo, e durante um intervalo de calmaria no expediente, entrei no endereço da web, ouvindo-lhe as orientações sobre os links a serem seguidos, juntamente com o outro colega que, mais ou menos na mesma época que eu, estava por lá. E, conforme fui explorando o endereço, inevitavelmente uma emoção enorme se me apoderou do estado de ânimo.
Lá estava a foto de turma da minha formatura no então ginasial, em 1979. Alguém, provavelmente antigo ou antiga colega de turma, talvez que hoje com filhos na escola, já havia postado a foto, marcante para a nossa trajetória estudantil. Em preto e branco; todos com quatorze ou quinze anos. Vendo aquilo, silenciei um tanto, sob os comentários entre surpresos e entusiasmados dos circunstantes, mergulhando em reflexões sobre o que exibia a foto que também tenho em casa, em meio a um arsenal incontável de recordações antigas.
Quantos rostos jovens - jovens demais! Quantas recordações eclodiram; quantas suposições: qual destino teria tido cada um deles?! Em paralelo na pesquisa, via fotos outras, com informações sobre alunos e professores já falecidos que não foram do meu conhecimento; reconheci os mesmos rostos de colegas meus, turmas depois, no período do segundo grau, em época na qual eu mesma não mais lá estudava, tendo cursado o hoje chamado nível médio no, na época, badalado Curso Miguel Couto Bahiense, tido como referência preparatória para vestibulandos.
Todavia, alguns permaneceram no Colégio, e lá estavam eles... Mais velhos, não tanto mais inseridos na fase da primeira adolescência, mas na da juventude. Custei a reconhecê-los de pronto; estavam modificados na aparência, alguns mais drasticamente...
Uma sensação morna; funda nostalgia invadiu-me o estado de espírito, de maneira gostosa, irresistível. Porque olhava aqueles rostos na foto em preto e branco, já nem tão nítida na resolução do computador moderno diante de mim - coisa impensável naqueles tempos! - e uma sensação estranha, presente n'outros momentos nos quais contemplamos fotos antigas, talvez que de nossos pais e nossos avós, dominou-me, à minha revelia.
Meio alheia dos comentários entusiasmados dos que me cercavam tentando me identificar em meio aqueles rostos ainda quase infantis, ocorreram-me reflexões sobre o paradeiro de cada um deles: havia muitos comentários de ex-alunos, cada qual expressando a sua emoção sincera, e certamente idêntica a que eu experimentava ao deparar com tantas recordações queridas. Alguns, hoje advogados; outros jornalistas, empresários, bancários... Poucos mudaram de cidade, e outros mesmo de país, temporariamente; muitos casados... todos, à unanimidade, comovidos, e desejosos da possibilidade, certamente remota para a maioria de nós - a esta altura, quase trinta anos depois - de reencontrar um daqueles colegas que fosse!
Um que fosse!...
Foi este também o meu maior desejo, olhando para aqueles rostos risonhos: olhares inundados de idealismo, de horizontes. Desejei silenciosamente, a cada um deles, que estejam bem e realizados, senão em todos, na maior parte dos seus sonhos e objetivos. Meditei sobre a extensão enorme da nossa trajetória e de tudo o que nos aconteceu depois, nesta vida, n'outras vidas, e em outras ainda, mais para trás...
Pessoas, dramas, acontecimentos; alegrias, desafios, sofrimentos, surpresas; realizações e frustrações... Amores, paixões, desafetos... Lugares, viagens, moradias...
Quantas fotos e quantos rostos já teremos deixado para trás, nos rastros seculares do mundo?! Em quantas fotos também não estaremos, hoje incógnitos para muitos, sob as névoas dos tempos que apagaram das recordações até mesmo os nossos nomes? Ou talvez que presentes nas lembranças sofríveis de alguns poucos, quando também contemplam, tantas décadas depois, os nossos rostos imersos naquele grupo fugaz de estudantes felizes, e tão incipientes em suas experiências de vida?!...
Sônia, irmã da Maria Helena; Gustavo, o que sempre era convidado gentilmente a se retirar de sala, de braços dados com a professora (excelente professora!) "Meméia"! Virgínia, Desireé, a amiga inseparável da Deise. Paulo Roberto e Amauri; Zeno Williams, o "Marciano"; Xaira, a branquinha bonitinha e sardenta; Carmem, a goleira no jogo de Câmbio; Verônica Aparecida, a jovenzinha morena cuja beleza inegável era o combustível da inveja de muitas! Professor Gonzalez; professora Leda, de Inglês...
Deus... como passa o tempo!...
Mas, o tempo, caríssimos?! Não... melhor pensando, é como reza o adágio que me caiu em mãos há poucos dias:
- "o tempo não passa; nós é que passamos!"
"Nós é que passamos!..."
Onde andarão vocês, meus colegas dos verdes anos do Colégio Metropolitano?...
Anos da bela casa no Méier, dos mais felizes Natais em família; anos das aulas de Educação Física; anos nos quais me bastou uma única tragada de cigarro, no vestiário feminino, para odiá-lo - Graças a Deus! - pelo resto da vida!...
Anos do shopping ao lado do Colégio, situado na rua Lopes da Cruz; dos primeiros olhares para os meninos, tímidos demais para significar qualquer outra coisa além de olhares...
Anos das primeiras festinhas de quinze anos, cheias de emoções novas, músicas, cantores e modas... Das Olimpíadas no Colégio, nas quais meu maior - e único - trunfo foram os saques, nos jogos de Câmbio...
Anos da rua Dias da Cruz e Arquias Cordeiro... da vila onde nós morávamos...
Anos... anos... anos...
Onde?...
O meu amor a todos vocês...