A ALMA DAS ALMAS GÊMEAS
A banalização de determinados termos e expressões tem como efeito indesejável a transmutação do seu real significado n'alguma coisa rasa de sentido. Assim foi com o conceito de Karma, como já pude discorrer em outras oportunidades; assim se dá com a expressão “eu te amo”, como foi muito bem mencionado pelo personagem principal do filme “Ghost”, quando, num momento em que a namorada reclama que ouve isto poucas vezes, obtém dele como resposta: “As pessoas repetem isso por aí o tempo todo. Acaba não fazendo nenhum sentido”..., descrevendo, desta forma, o extrato da verdade, já que, infelizmente, no mais das vezes, apenas tardiamente nos damos conta de que amor se demonstra com atitudes, e não tanto com palavras. Por fim, assim também se deu com o próprio entendimento do que seja, ou possa ser, Deus.
O conceito de almas gêmeas já vem incorrendo neste caso, de maneira lamentável; porque, de tanto se repetir o termo – menciona-lo, debate-lo, ironiza-lo, concordar ou discordar a respeito de algo que, tanto quanto o Sol, prescinde, na sua própria realidade, de crenças e debates, a essência da questão já vem perdendo em qualidade e verdade para um modismo inconveniente, do quilate dos montes de similares de pouco valor nos temas esotéricos da hora que passa. Prefiro, portanto, ao mais uma vez abordar este assunto que é um dos meus prediletos no universo espiritualista, tocar no cerne da questão; no coração da causa; na alma da alma gêmea, com o perdão do trocadilho. Que tal, então, ao discorrer sobre a existência daquela nossa alma gêmea, ao invés do uso de uma codificação verbal já desgastada como bagaço de cana – e inexata como definição - retratar a sua face? A contextualização mesma do que representa? Que tal falar daquele ser especial que, de aparência e personalidade diferentes da nossa, e em polaridade sexual oposta da nossa, ri daquilo que rimos, objetiva da vida aquilo que objetivamos; olha na mesma direção que nós, no momento de emprestar à vida aquele significado mais profundo; de alguém que, imerso nas brumas de sublime mistério, estará reagindo aos acontecimentos, neste mesmo momento, não importando em qual quadrante do planeta, em sincronicidade perfeita com o que nos esteja acontecendo – que se entristece, misteriosamente, quando por aqui nos entristecemos, e que se alegra também, sem nenhuma causa aparente, quando, nesta troca energética que vence instantaneamente distâncias insondáveis, pulamos de alegria nos eventos felizes da vida? Não seria melhor, efetivamente, conhecer e viver o fenômeno das almas gêmeas em si, e não apenas especular sobre os seus rótulos, alimentando polêmicas estéreis e negativas, e assertivas sem fim, que exaurem o tema e em nada esclarecem as nossas dúvidas, criando, ao invés, uma infinidade de outras? Então, que tal falar deste ou desta que adivinha nossos pensamentos, e que nos evoca felicidade inaudita com a sua simples proximidade, ou com o mero conhecimento da sua existência nos nossos dias, estando próximo ou afastado? Por que não comentar a respeito de alguém que, em algum lugar do mundo, vibra no mistério e na beleza de complementar nossa felicidade com as próprias diferenças que, porventura, manifeste no que diz respeito às suas peculiaridades, e cujas infinitas semelhanças para conosco emprestam um brilho muito maior e ofuscante à nossa existência, manifestando o amor naquela sua versão mais sagrada, de sustentação do sentido maior e da essência da vida humana no universo? Ainda que não existisse, ou se jamais se tivesse aventado esta expressão: almas gêmeas – ainda assim – depararíamos, mais cedo ou mais tarde, este ente irradiante de luz no nosso percurso. De maneira inevitável, porque assim o determinam as Leis soberanas de atração e sintonia energética entre a miríade sem fim de espíritos em processo contínuo de evolução no infinito... O próprio Emmanuel, em "O Consolador", pronuncia que o fenômeno das almas gêmeas acha-se imerso nas brumas dos mistérios divinos, ainda não totalmente decifrados pela humanidade a caminho da luz maior - por tratar-se de um dos sublimes presentes que nos aguardam na nossa trajetória, para decifrarmos e usufruirmos quando, enfim, assim o merecermos, em conduta e em entendimento. Em algum instante dos evos infindos do passado, cada mônada foi gerada do seio incógnito do Pai, na eclosão da magnífica caminhada em busca da conquista e da expansão dos degraus cada vez mais avançados de alcance da consciência. Desta mônada, duas polaridades foram criadas, objetivando um círculo completo de experiências em si, reflexo da própria dualidade observada na dicotomia do Pai e da Mãe Cósmicos, presente em toda Criação; e, desde então, duas metades seguem, aparentemente separadas – porém, indissoluvelmente unidas pelo recesso mais recôndito dos seus corações. Convencionou-se chamar-se, a isso, de almas gêmeas. Atualmente, de minha parte, contudo, em plena e perfeita sintonia com a minha, após séculos de aparente separação, prefiro a vivência do fato em si – doce, suprema e indescritível Graça! - acima e a despeito de todas as crenças, descrenças e definições. Com amor,
Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 01/03/2006
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