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"Estar no mundo sem ser do mundo"

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SÉRIE OVNI 1 - CÍRCULOS INGLESES
Há muito venho estudando sobre os Círculos Ingleses - aquelas formações misteriosas nos campos da Inglaterra, que têm aparecido também em outros países - desde antes da época em que aqueles dois velhinhos apareceram, assumindo, estranhamente, a autoria dos mesmos. O fenômeno, em si, sempre exerceu sobre o meu espírito um fascínio irresistível. E a partir de um certo ponto passei a colecionar matérias e a comprar livros de pesquisadores e estudiosos sérios sobre o assunto.

Julguei um disparate tão grande aquela declaração, quanto mais ainda a maneira como a mídia mundial reagiu depois daquilo: "esquecendo" aqueles fatos fantásticos de modo insólito e, por conseguinte, não tocando mais nos mesmos, fosse em televisão, em rádio, ou em revistas - se bem que a internet, ninguém detém...

Quem lê um livro como "O Mistério dos Círculos Ingleses", de Wallace Albino, que traz um estudo sério, isento e aprofundado do tema e, de acréscimo, uma fartura de fotos de molde a maravilhar qualquer sincero interessado no assunto, não pode, de fato, levar a sério, por pura questão de lógica, a alegação daqueles dois senhores, ao se intitularem autores dos misteriosos colossos que, até onde sei, proliferam até hoje mundo afora em progressão geométrica - enquanto seus reais autores aparentemente ignoram, de forma solene, que a humanidade e a mídia, por sua vez, os ignorem, intencionalmente ou não, ou continuem ou não debatendo o seu aparecimento nos campos cultivados espalhados ao redor da Terra.

Assim como quem estuda os círculos ingleses, por amor do tema, não pode, tampouco, levar a sério um filme como "Sinais", exibido na Globo há algum tempo.

O engraçado é que experimentei um impulso arrefecido de ir ao cinema para assisti-lo, quando foi lançado no circuito. Não sei ao certo se por nunca ter experimentado muita empatia por Mel Gibson, ou pelo pouco atrativo que me exerceram aquelas chamadas (que indiciavam uma história novamente girando em torno de homenzinhos verdes), o fato é que algo me brecou o ímpeto.

Quando, então, me dispus a sentar no sofá com meu filho mais velho para assistir ao filme de maneira mais confortável, na sala da nossa casa, acabei foi experimentando um alívio com a minha previdência; afinal, não foram dois nem três comentários apenas que ouvi, de quem se deu ao trabalho de ir ao cinema na época, para sair depois afirmando que a fita era uma bomba!

De fato, irritou-me a banalização grotesca dos fatos. A dedução veio fácil de que, certamente, quem se deixa levar pela suposição de que o exibido na tela corresponde à realidade do assunto em si, no mínimo sentiu-se seriamente motivado a temer e nutrir repulsa por algo que - eis a verdade verdadeira - ainda se acha no terreno puro e simples da pesquisa e da especulação, sejam de pesquisadores sérios, sejam de sensacionalistas.

Seres malignos - verdes, como sempre! - que devoram carne humana, após envenenamento via gás letal extra-terreno! Um ator digno como Joaquim Phoenix, que rendeu um vibrante Imperador Cômodus em Gladiador, com aquele patético chapéuzinho laminado na cabeça, simulando ETs com duas crianças! Mel Gibson com aquele ar de canastrão: uma mistura de caipira americano na sua melhor forma com uma caricatura esmaecida do antigo personagem de Mad Max, ao final do filme emprestando aquela dramaticidade frouxa, relacionada ao risco de vida do personagem infantil que, na história, é o seu filho... Que salada indigesta! Que maneira infeliz de se abordar um tema fascinante como aquelas obras primas sem paralelos que surgem, sem mais nem menos, de um dia para o outro(!!!); mandalas cada vez mais elaboradas, gigantescas, misteriosas, espalhadas em todo o mundo, cuja forma integral só é capturada visualmente se voamos a centenas de metros acima do solo!

O mistério dos círculos ingleses pode representar algo mais sério do que sequer imaginamos - embora talvez de significação nem tão complexa. É fenômeno que merece estudo, reflexão compenetrada; podemos, sim, de algum modo, sermos distinguidos por seres interessados em nos transmitir algum recado de peso para o nosso atual estágio evolutivo no mundo ou, quando muito, sermos objetos de estudo acurado de seres mais avançados do que nós, habitantes de quadrantes outros, mais evolvidos do universo.

Tratar por este modo leviano tal ordem de fatos - ocultá-los, desvirtuá-los, distorcer-lhes o sentido por qualquer pretexto que seja - é, no mínimo, mostra de obtusa temeridade. Porque por si só o fenômeno deixa patente a absoluta ignorância humana em relação aos mistérios do universo infinito que nos circunda, e mais que tudo: a probabilidade bem lógica de que o significado disso, na hora certa, se revele por si.

Não nos adianta enxovalhar o desconhecido numa abordagem cinematográfica inconseqüente e rasa de sentido, ou camuflá-lo, ignorá-lo, distorcê-lo em nome do simples temor de que este algo, que se dá indiscutivelmente fora do nosso controle, venha a bagunçar a nossa "santa ordem estabelecida" de todos os dias.

Há muita sujeira empurrada para debaixo do tapete de toda esta aparente normalidade no nosso dia-a-dia terreno; estes que nos fazem estes desenhos gigantescos, com a sua patente capacidade de operarem e enxergarem tudo "de cima", com exatidão geométrica, certamente sabem disso. Quem sabe se a intenção - ou uma delas - não seja justamente a de nos alertar?

A resposta a esta pergunta nos será dada pela passagem do tempo. Por mais que demore. E o tempo e as suas revelações - é bom que nos lembremos - agem à revelia das manipulações humanas.

Com amor,

Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 18/02/2006
Alterado em 18/02/2006
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