Zênith

"Estar no mundo sem ser do mundo"

Textos

ASSUNTO DE MULHER
Desejo tocar com este artigo num ponto crítico do comportamento feminino. No entanto, mulheres conscienciosas entenderão; se dispuserem da necessária imparcialidade e do senso crítico com o qual eu mesma - antes de tudo mulher - costumo me policiar.

Há frases costumeiras nas conversas femininas: "mulheres não são unidas como os homens" - correto. "Trabalhar (em escritório, repartições, ou em qualquer situação semelhante, onde haja grandes grupos) com homem é muito melhor. O trabalho rende mais, os homens são mais objetivos, mulher perde muito tempo com fofoca, com competição idiota acerca daqueles cargos batizados como funções de pequenas autoridades!" - em muitas vezes. Noutras tantas enumeram os vícios de comportamento masculinos: vaidosos em demasia, espaçosos em casa, sem a consciência clara da divisão de tarefas, traidores, mentirosos, acomodados (querem tudo na mão, não são nem mesmo capazes de descascar e cortar uma laranja, forrar a própria cama, ou colocarem no baú a própria roupa suja); as mais lúcidas, contudo, observam que isto é vício oriundo de um erro de criação próprio, geralmente, de mães super protetoras: criam o "reizinho", desde cedo, inflando-o como um balão, tirando-lhe a iniciativa para as coisas mais banais (como cortar e descascar um laranja). E o "reizinho" inevitavelmente vai seguir assim pela vida afora, até atingir a época do casamento - quando, então, acha que a esposa deve ocupar, no lugar da mãe, a tarefa de babá...

Em dependendo de quem se trate, tudo muito certo. E, destarte, devem as mães modernas - e pais! - policiarem a educação ministrada aos seus filhos homens. Parar com esta utopia de usurparem deles, desde cedo, a utilidade das suas mãos, naqueles afazeres que não constituem favor;, antes, obrigação e responsabilidade no comportamento. Atribuirem a eles, para o seu próprio bem, tarefas domésticas: sim, por que não? Comprar o pão da manhã na padaria, arrumarem suas camas, guardarem nas gavetas - arrumadas! - as suas roupas limpas e passadas, jogarem o lixo fora...São algumas boas alternativas viáveis, entre tantas outras possíveis que os ensinarão a verdade de que o lar é realidade grupal, nas boas como também nas necessárias coisas a serem feitas; e, como tal, deve ser zelado em regime de partilha de deveres...É um bom começo de correção, principalmente no comportamento materno...

Outra boa correção se dá na conduta emocional.

Já vi muita mulher esclarecida fazendo comentários desastrosos em relação à síndrome de traição crônica no comportamento masculino: "a ordinária que se meteu com meu marido"; "a ordinária que tirou de casa o meu marido"; "a ordinária que se mete com homem casado"...e vai por aí...O marido, por sua vez - a criança inocente - sempre vítima! Sempre, de algum modo, através desta visão, inocentado; "homem é homem", algumas dizem. Cabe à mulher evitar. Por ele, ele não queria - só falta dizer! Será?!...

Não cabe à mulher, não! E, tão certo quanto andar pra frente, ele queria, sim! Que me desculpem as partidárias do contrário, mas a diferença de opiniões não muda a realidade!
E sabem por que?! Porque quando um não quer (mulher e homem) dois não brigam!

E naqueles casos em que a adolescente idiota e desprevenida é envolvida pelo espertinho - casado - que jura de pés juntos que não tem compromisso com ninguém?! Teria que ter ela bola de cristal?! Ser médium de vidência?! E quando não se enxerga a aliança no dedo, que muitos, hoje em dia, nem usam? Como iria saber?

Quando, enfim, a tonta foi saber - por intermédio daquele escândalo que a honrada senhora armou, ameaçando tirar-lhe a vida caso "não parasse de dar em cima" do seu marido - o susto passa a ser tão dela quanto seu! Como vocês, não sabia de nada. Só falta enfartar. E - se tiver decência, de fato ela fará o que também lhe caberia: mandar para o inferno o espertinho que fez as duas de trouxa...

Mas, também aí a síndrome de super-mãe prevalece. Aquele erro que se origina lá na infância, com o endosso materno para a negligência de responsabilidade no comportamento dos filhos meninos vai se evidenciar também aqui. E isto, a meu ver, é insultuoso até aos homens; pode lhes ser conveniente - mas é insultuoso...

Senhoras: os homens traem porque quiseram trair! Todos são maiores de idade e vacinados, não lidamos aqui com deficientes psicológicos nem tontos! Então, que tal uma mudança na forma de encarar e de reagir aos fatos, no sentido de se cobrar deles - com urgência e já com bastante atraso! - dignidade e caráter, ao menos na hora de tomarem para si a responsabilidade e a autoria plena das suas iniciativas?!

Assim, trairam porque quiseram - ou porque a infidelidade é um apanágio do perfil de sua personalidade, ou porque o amor acabou entre vocês, ou porque traiu porque traiu - e não - não mesmo porque qualquer "ordinária" lá fora, segundo a visão de algumas mulheres, tiraram, à revelia da pobre vítima (estranho, mesmo para a masculinidade e força de caráter deles), o infeliz de casa, ou deste relacionamento romântico que vocês tanto prezam. Muitas vezes, minhas queridas - e isto é fato! - o romantismo só está na cabeça de vocês, numa convivência que eles mesmos - coitadas de nós - estão levando na base do "empurrar com a barriga", ou do "sem nada melhor para fazer"...

"As ordinárias" lá fora, queridas, são mulheres como nós! Que sentem tanto quanto nós, se apaixonam da mesma forma, e nos mesmos padrões que nós; sofrem como nós, e são enganadas como nós, em qualquer situação de ilusão decorrente de uma boa mentira, pregada sob juras e promessas melosas, naqueles instantes de enlevo no escurinho do cinema...

E mesmo não ignorando que mulheres, sim, há, destituídas de dignidade e do devido respeito à sagrada instituição do lar - que também eu prezo como todas - ainda assim, ouso propor uma mudança no ângulo de visão que, mais que cobrar brio e responsabilidade dos homens, exigirá maturidade também de nós, mulheres, - através de um modo mais lúcido de encarar os fatos: que tal, em situações de traição, apurar melhor as coisas e, conforme for, unir-se à outra tonta, tão enganada quanto você, para - as duas! - diante dele afirmarem que não são tão bobas quanto lhe interessa, ou quanto queria?!...

Para sermos respeitadas, temos, antes, que nos dar o respeito; e a célebre atitude de avestruz, que enfia a cabeça na terra pra fazer de conta que o perigo não existe, não nos ajudará em nada nestes casos! Talvez no dia em que incorporarmos esta noção de responsabilidade quanto a nós mesmas, e ao respeito que nos devemos como seres humanos, a atitude do homem quanto a nós, enfim, também se torne mais respeitosa, mais amadurecida.

A fila pode andar, também para vocês, minhas amigas! A vida é rica e vasta!

Fica a sugestão...

Com amor,
Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 14/02/2006
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras