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"Estar no mundo sem ser do mundo"

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TRANSCOMUNICAÇÃO INSTRUMENTAL* II - REFLEXÕES

Boa tarde a todos.

Lembro-me de um episódio já relatado em artigos anteriores, quando Caio F. Quinto, meu mentor desencarnado, a uma quase queixa mental que lhe dirigi acerca da necessidade que nutria naquele tempo de uma proximidade mais direta - mais tátil - da sua pessoa, me endereçou comovente resposta sobre como nos iludimos com esta proximidade tida como mais válida dos espíritos, através dos fenômenos físicos, por exemplo, ou dos de materialização... Coisa que, diga-se, na medida de suas possibilidades ele já me proporcionara sem regateios no passado, principalmente em momentos de grande necessidade espiritual durante os desafios mais ríspidos do cotidiano... chegando mesmo ao ponto de me "passar a mão nos cabelos", deslocando-os numa carícia paternal, ou promovendo em determinadas ocasiões pancadas por dentro de casa em resposta a questões diretas que lhe fazia, entre outras coisas...

Mas, a este meu questionamento, fez ele alusão ao engodo que representa a idéia errônea de proximidade a partir deste tipo de contato indireto... quando na verdade o que mais aproxima os seres, e mesmo aqui, no nosso plano físico, são os sentimentos e afinidades mútuos, numa palavra: o amor que se nutre por este ou aquele ente querido de quem nos tornamos mais próximos, ainda mesmo que à distância, do que de outros com quem convivemos no dia-a-dia dentro de uma atmosfera de indiferença espiritual que, com razão, os torna quase que literalmente "invisíveis" de um ponto de vista significativo para o contexto das nossas vidas...

Faço esta digressão devido ao meu envolvimento recente e mais intensivo com a Transcomunicação Instrumental e suas implicações, com as quais, logo de saída, me foi intuído tratar com tato e bom senso. Assim que nos experimentos que principio a envidar com as gravações minha primeira providência é solicitar a assistência espiritual diretora das minhas atividades nesta área no ramo da literatura, a fim de que resguardem o ambiente de modo a que sejam desenvolvidas de dentro de certa segurança no tocante à influência indesejável de obsessores, espíritos zombeteiros e similares... E também pela consciência clara de que, em não se tomando os devidos cuidados, não há nada que garanta elevação de propósitos de espíritos comunicadores, de vez que é sabido que o ambiente astral circundante é enfestado de vida acima mesmo do que presenciamos na materialidade - e, portanto, de desocupados que adorariam se divertir um pouco às custas da imprevidência eventual de transcomunicadores principiantes que se pusessem a lidar com algo subidamente revestido de seriedade, seja a interação entre ambos os planos da vida.

De fato, era o que se verificava no passado em muitas reuniões mediúnicas irresponsáveis nas quais a tiptologia e as mesas girantes serviam à guisa de sessões de buena dicha, nas quais espíritos brincalhões e maliciosos, não raro, transmitiam mensagens tão estapafúrdias quanto o eram as finalidades pueris daquele aglomerado de curiosos reunidos sem outro objetivo que não este mais banal, de divertimento sem maior compromisso com o mais relevante na tomada de conhecimento da continuidade da vida: a reformulação íntima e maior responsabilidade, a partir disso, para com as próprias atitudes no decorrer das suas jornadas materiais.

Sem embargos, conquanto a Espiritualidade diretora desses trabalhos vise compreensivelmente lançar mão destes recursos de ponta para, em banalizando os transcontatos, mais sedimentar a certeza da sucessão das vidas alavancando o plano material a um maior avanço consciencial de sua população reencarnante, importante se faz o entendimento de que Transcomunicação em si, despida de seriedade e de elevação de propósitos - bem como desplugada da viga mestra basilar e indispensável do estudo do conteúdo da Codificação Espírita - não assegura, de nenhuma forma, apuro moral dos participantes de ambas as dimensões em interatividade; assim que o médium bem preparado e afinizado por mérito com os Mentores assistentes de modo algum - e frise-se! - é descartado em menor relevância no que diz respeito aos nobres objetivos dos contatos entre encarnados e desencarnados, no que se refere ao amparo da espiritualidade e ao reconforto às dores dos que sofrem com o passamento dos entes queridos.

De fato, imprescindível a noção de que, pelas mesmas razões citadas acima, o médium resguardado pelo próprio apuro íntimo via evangelização, durante as suas relações com as dimensões invisíveis muita vez estará mesmo em condições acima das do avanço tecnológico instrumental que, se oferece receptividade adequada aos registros de imagens e energias do além, todavia, carece da sensibilidade humana, presente no sensitivo devidamente conectado com os planos superiores, no momento de se discernir entre um trote dos habitantes sombrios da invisibilidade e um recado autêntico de um mentor ou familiar espiritual!

Se conduzida desta forma esta atividade - sim! - surpreendente e importante na contribuição efetiva contra o ceticismo crasso que ainda impera na esfera corpórea terrena, não haverá com que se preocupar mais com o desassossego provocado pela invigilância das polêmicas em torno do assunto que já de há um bom tempo surgem, com contendores esquecidos de que na arena da evolução humana transitória dos mundos materiais a finalidade não será nunca a formação de "times" competitivos - ora pecando por imaturidade, fraudes, imprudência e invigilância, ora resistentes ao avanço inexorável do tempo cujos efeitos cobram reformulação íntima e de métodos, à nossa revelia... - mas a conscientização definitiva da vida ininterrupta a nos aguardar, inapelavelmente, em enredos sempre renovados aos quais nos compete responder tanto com a sabedoria e a vigilância recomendadas outrora pelo próprio Mestre, como também com a ousadia que fez destes mesmos Mestres, no passado, as almas de escol incompreendidas, e de início retaliadas e flageladas pela limitação de vistas espiritual e pelas restrições rudes de entendimento do homem involuído.

*A transcomunicação instrumental é o registro de imagens e vozes dos espíritos desencarnados via instrumentação técnica.

 

Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 12/02/2008
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