Zênith

"Estar no mundo sem ser do mundo"

Textos




ISRAEL E GAZA - EVOCAÇÃO DA CHAMA VIOLETA

Lembro-me de uma ocasião em que minha cachorrinha, que costumávamos soltar sob supervisão alguns minutos diariamente para se distrair fora da área de nossa casa, na vila onde morávamos há cerca de trinta anos, meteu-se sem querer numa briga horrorosa com outro cachorro da vizinhança, porque, boboca e sem defesas, caiu na infelicidade de ser atacada pelo outro animal que, por alguma razão, não cruzou seu santo com o dela - e tacou-lhe o dente.

Eu era criança. Fiquei em choque na varanda, olhando a cena horrorosa, depois de providenciar às pressas, compelida pelos berros de meu pai, um balde d'água, que ele jogou em cheio sobre a dupla na tentativa de desaparta-los, sem sucesso; o que só deixou-lhe uma alternativa que, na época, lhe pareceu a única saída para salvaguardar nosso bichinho de ir parar no veterinário com lesões sérias: sacou de uma vassoura e meteu-a, inclemente, sem dó, na cabeça do cão que a atacava! E, tão violenta foi a investida, que o cachorro desistiu, sob o impacto da dor brusca; e saiu zonzo, trôpego, avançando para se abrigar portões adentro da casa que acolhia, além dele, algumas outras dezenas de bichos.

Uma briga entre cachorros não possuí a sofisticação política dos raciocínios humanos, no momento de se desencadear uma guerra contra um povo vizinho. Alguma coisa indistinta compele um bicho contra o outro. O mais forte prevalece, à força de dentadas, e, ao ser humano piedoso, que não quer ver os contendores se matando, cabe alguma intervenção que coloque fim à arenga - claro que sob os requisitos de compaixão perante criaturas inferiores, mas geralmente funciona.

No entanto, estranhamente, em se tratando de seres humanos supostamente melhor dotados de raciocínios, e investidos dos complicados meandros da diplomacia, o caso se complica, e não é resolvido de maneira assim, tão simples!

Há semanas Gaza e Israel se engalfinham em autêntico protótipo do que possa ser o inferno na vida humana! Não possuo a sofisticação do entendimento político para especular aqui sobre causas intrincadas que levam estes povos a se enfrentarem de forma sanguinária há séculos. Todavia, do que pude ler, ver em noticiários e dos comentários de gente mais esclarecida, compreendi que, se Israel acusa o Hamas de usar sua população civil como escudo humano, numa estratégia antissemítica infame, de outro lado, o lado obscuro, despótico do sionismo, está também colaborando para reforçar esta estratégia ante a opinião pública mundial - na medida em que promove um massacre indiscriminado contra inocentes, com forças militares totamente desproporcionais em poder de fogo, e lançando mão de uma acusação de relativismo moral da parte dos críticos internacionais que censuram sua selvageria, que só encontra explicação nas ambições tacanhas de seus propósitos.

Israel quer ter o seu Estado preservado, e, se de um lado o primeiro artigo da constituição palestina prega que todo cidadão tem como compromisso prévio destruir Israel, de outro, Israel não pode pretender impor ao mundo a distorção retórica de que se trata de relativismo moral o direito que se reservam de, em nome da defesa de seu espaço territorial e de seu povo, desencadear um hediondo massacre humanitário, enfestado de episódios lúgubres de crimes de guerra, em nome de um ideal político que não considera o valor das vidas de dezenas de crianças mutiladas, mortas, queimadas e com suas famílias destruídas: o saldo tenebroso, e, a esta altura, verdadeiramente sacrificial, desta guerra estúpida!

Anão diplomático! - Acusou o representante da chancelaria israelense, ante o posicionamento brasileiro de convocar seu embaixador em Israel para explicações! E, diante da ira com que aquela declaração veio a público, me pergunto: em que espécie de mundo estamos?!

Desde quando a vida passou a valer tão pouco para atingirmos um ponto em que o representante de um país, seja lá qual for, anuncie alto e bom som, com repercussão planetária, que trata-se de relativismo moral o modo como vários países vem se horrorizando com a retórica insatisfatória com que Israel se reserva o direito de extinguir centenas de vidas de modo brutal, em nome de ambições territoriais, e do alegado - e correto - direito dos judeus de possuir seu Estado, já que o antissemitismo espalhado em todo mundo, ao que compreendo, é a razão pela qual o sionismo defende, sanhento, este impasse que se arrasta por décadas?

Há poucos dias, vi imagens de rabinos em Israel falando barulhentamente nas ruas contra a sanguinária ofensiva israelense. Acusam com dureza o sionismo de imporem à Palestina um horror com o qual eles mesmos, e nem todo judeu, concordam. Explicam aos passantes nas ruas que, n'outros tempos mais pacíficos, judeus e árabes cuidavam dos filhos uns dos outros, e que o governo vem ignorando a verdade de que eles são um povo exilado, que não podem nem devem ter Estado ou terra fixa. Não só, portanto, não compactuam, com a mortandade em massa que Israel vem desencadeando na Faixa de Gaza, como ainda a condenam definitivamente!

Então, é para o restante dos povos se questionarem, leitor amigo - como deve o restante do planeta reagir à assustadora mostra de selvageria de que dão prova tanto Israel quanto também o Hamas, ao supostamente não sustarem seus envios de mísseis, adotando conduta dúbia ao divulgarem as perdas civis, já na casa dos milhares, enquanto ao mesmo tempo, de seu lado, parecem não se preocupar com elas?

Que faz a humanidade inerte num momento assim - imersa, de seu lado, no seu próprio cotidiano, nos seus problemas mais próximos, ao mesmo tempo em que assiste, nas imagens televisivas, a face mais hedionda da escuridão em que pode o espírito humano chegar, sob o império do ódio, da ambição? 

Com a maior potência militar no mundo armando e apoiando Israel, e países considerados anões diplomáticos dando mostra reconfortadora de que - e ainda bem!, - não são anões humanitários, qual balde de água fria, ou vassourada na cabeça, colocará fim a este pesadelo contemporâneo acontecendo justo não entre seres irracionais, sem a infâmia do suposto refinamento político para justificar seus desmandos - mas entre nações da raça que, por estranha ironia, e embora domine o planeta Terra, se comprova  desde sempre, a mais beligerante, letal e impiedosa dentre todas, conforme avança e se dissemina a sua suposta "civilização"?

A meu ver, quando falham todos os argumentos do bom senso, e nada melhora, mesmo diante de imagens chocantes de crianças mortas e mutiladas, e do choro tocante de um dos diplomatas da ONU na tv, somente uma intervenção cirúrgica é de molde a extirpar o mal - todavia, não, talvez, de origem humana, já que todas as demais falharam!

Resta-nos o recurso de apelar ao Criador; às poderosas Forças invisíveis atuantes no Universo, mesmo que na ausência da consciência disso, da maior parte da população mergulhada em convulsão neste pequeno mundo perdido no espaço!

Aos que conhecem e compreendem, assim, pedimos, unidos às preces de tantas correntes pela Paz espalhadas nas nações, de quaisquer religiões e correntes de pensamento que sejam - que se juntem à evocação da poderosa Chama Violeta! A que queima bagagens cármicas pesadas; a que purga, limpa e cura, sob a égide de Saint Germain! Para que se amenize e finde a dor inqualificável das crianças de Gaza; das mulheres, velhos e pessoas indefesas que, neste exato momento, com famílias, sonhos e esperanças destruídos, precisam, em algum momento, reencontrar a graça de acreditar no refazimento de suas vidas preciosas, e na verdade da Ação Misericordiosa de Deus a seu favor!
Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 01/08/2014
Alterado em 01/08/2014
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