Zênith

"Estar no mundo sem ser do mundo"

Textos


... E SOBRE O ANO 2012.
(Artigo publicado em prosseguimento à resenha sobre o filme, postada há pouco)

Ontem, no meio da sessão do cinema lotado de cima abaixo, e na parte mais eletrizante do filme, quando o ápice das catástrofes desaba com todo o fragor pulverizando a humanidade, sem mais nem menos a sala ficou às escuras. Um pane qualquer interrompeu a sessão, o filme sumiu da tela mergulhando dezenas de pessoas em momentânea escuridão. Perplexidade. Depois, risos misturados com aplausos, apupos, piadas. Alguém ao meu lado disse, em voz alta: "- Calma!! Ainda estamos em 2009!!" Outro, um garoto ao lado do meu filho, somou seu protesto:"- Ei!! Quero acabar de ver o filme antes de morrer!!"...

Não sei porque aquela interrupção extemporânea, a meu ver, se revestiu de alguma causa oculta, inacessível ao intelecto hodierno humano, algo para além da percepção mais imediata das coisas. Tenho certeza de que durante alguns breves segundos, durante o estado de perplexidade inicial, àquelas muitas pessoas arrancadas subitamente do universo apocalíptico devastador exibido com assustador realismo na tela imensa do cinema ocorreu que alguma catástrofe talvez estivesse iminente sobre todos ali, sem mais nem menos, naquele instante rotineiro de entretenimento coletivo. Porque estranhamente isto passou fugazmente pela minha mente assim que aquele pane súbito nos lançou na escuridão completa: "- Será que já está acontecendo? E vem aí, sobre todos, alguma onda de mil e quinhentos metros?!"...

Só que nenhuma onda gigantesca veio e o filme voltou, do ponto exato onde tinha sido interrompido. Recobráramos o senso de realidade às avessas. Metidos novamente no estado absorto para com o desenrolar intenso da trama, sossegáramos nosso íntimo brevemente baqueado em inércia, em paralização, e numa expectativa sombria de alguma coisa que, como naquele filme, dizem que está por vir.

Dizem, especulam, ilustram. Estuda-se a respeito. Debate-se, sugere-se, somando-se alegados indícios atrelados ao já adiantado desequilíbrio climático vigente em todo o planeta para associá-lo devidamente ao que preconiza o agora em voga Calendário Maia.

Já li sobre o Calendário Maia e respectivas profecias. Cheguei a adquirir livros sobre o assunto, do qual, e apesar disso, afirmo sem meios termos, não entendo quase nada! Mas vou lhes dizer uma coisa: se não entendo de teorias especulativas relacionadas ao apocalipse da humanidade, para o qual tantas outras teorias já alertaram o mundo que, a despeito de tudo isto, permanece de pé, incólume, embora convulso, já aprendi alguma coisa durante este atual estágio na materialidade, de certo em continuidade ao que já vinha aprendendo desde há vidas sem conta no passado longínquo, nascendo e renascendo noutros quadrantes e na intimidade de outras raças e povos terrenos. E este aprendizado diz respeito a transformação! Não a nenhum fim! Porque este fim absoluto, amigos, - e mesmo do enredo mais ou menos leviano deste filme block buster depreende-se esta constatação! - este "fim absoluto" não existe!

Do pequeno ângulo e perspectiva esfacelada dos quais me situo, o que se evidencia, em parte significativa intuitivamente, é que o corpo planetário vem se amoldando e buscando reequilíbrio de uma forma mais agressiva, mas, note-se, equivalente à agressividade com que vem sendo destratado já de há vários séculos, sob o custo funesto dos nossos pretensos "avanços tecnológicos". Se isto é em compasso com ciclos gigantescos que se cumprem do âmbito cósmico mais vasto, extinguindo e gerando novas civilizações? Não nego a possibilidade, porque da base da montanha não há como se enxergar a totalidade de todas as minúcias que acontecem num cenário que só pode ser usufruído sob uma percepção global por quem se achasse em cima! Mas há leis da vida que constatamos vigirem em cima como em baixo, e esta lei, amigos, é justo a da transformação.

Uma floresta padece sob as labaredas do incêndio inclemente para um tempo depois, se deixada sob as condições naturais apropriadas, reflorir, magnificente, soberba! Dizem astrônomos das luzes das estrelas que, em nos atingindo a visão agora, nada mais fazem que nos dizer do passado destes mundos, já extintos de há milênios! Do nosso nascimento até a maturidade passamos imperceptivelmente talvez que por mais de mil mortes, de modo tal a que não sejamos de modo algum mais, hoje, o que foramos nos anos incipientes de nossa presente jornada.

Vulcões ativos se extinguem. Cidades soterradas são descobertas, descerrando todo um rico passado humano, em escombros sobre os quais novas cidades se ergueram, majestosas, esfervilhantes de vida. Desencarnamos e reencarnamos. Aqui, lá. Transformação, transformação, eis o modus operandi do Universo, mas não, e nunca, o fim absoluto! Porque o Criador, caros, jamais extingue o que concerne às expressões meramente mutáveis da Eternidade que Lhe é inerente!

Assim, se falam desta data hipotética, 2012, como o fechamento de um ciclo segundo previsões Maias, ou ainda se fossem Fenícias, não importa. Cala-me a tranquilidade de que tudo se refere não mais que às transformações sem fim. E se haveremos de nos transportar deste nosso mundo atualmente tão atormentado por convulsões de todas as procedências possíveis, sociais, naturais, políticas e econômicas, para outras paragens incógnitas, que nos sustente a visão mais abrangente de que de uma forma ou de outra, e quando menos esperássemos, e de algum modo normalmente imprevisível haveríamos de ir. Para o local que nos haverá de acolher em função de nos sintonizarmos com ele em harmonização perfeita de habitat para com as suas criaturas viventes. Não importando mais, portanto, se vitimizados por conspirações bacteriológicas que eventualmente distinguissem seletivamente homens em função de raças ou de capacidade financeira, se por pandemias fabricadas ou não, ou se por eventos apocalípticos de maior ou menor proporção, previstos ou não previstos.

Tudo é matemático! Nada, em verdade, é inusitado ou frustra o absoluto Equilibrio com que é regido o monumental universo onde mundos sem conta flutuam espaço afora, ao nosso redor, sem que nenhum esbalroe o outro.

Que, portanto, conscientes disso, façamos nossa transição, quando e onde for, sem nos preocupar tanto com o formato, mas com a essência, a única coisa existente em nós mesmos que carregaremos adiante, rumo às inimagináveis transformações futuras passíveis de nos conduzir sempre a estágios e estâncias melhores.

Só depende de nós mesmos, amigos; então, nos assentemos intimamente frente a um lago tranquilo, contemplando as suas ondulações cristalinas sob os raios cálidos do sol nascente. Transportemos ao nosso próprio íntimo, aos nossos atos interativos, pensamentos e convicções estas condições ideais de plenitude, e certamente aportaremos, a qualquer ano e tempo, em paragens onde prosseguiremos não mais que oferecendo aos ritmos ininterruptos da Vida a nossa pequena parcela de contribuição, para as transformações maiores, e sempre para o melhor!
Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 22/11/2009
Alterado em 23/11/2009
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