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"Estar no mundo sem ser do mundo"

Textos


ESPELHOS DE NÓS MESMOS

 "Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu". Sêneca. Orador romano.

Sentimentos estão estritamente relacionados com comportamento. Um é gatilho do outro. E, em se tratando de sentimentos geradores de comportamentos,  o ponto de equilíbrio residirá exatamente na ausência de extremos.

É fático na vida que tais ou quais sentimentos, e comportamentos deles derivados,  resultam nocivos à qualidade da vida humana e à harmonização ideal entre nós e tudo aquilo que nos cerca. Nisso reside mera constatação. Enquanto a humanidade não se isentar de padrões deteriorados de atitudes na convivência com o próximo e com toda a vida que nos cerca, não logrará alcançar o progresso real tão contraditoriamente mencionado por bocas adestradas em desferir o dardo crítico sem a necessária noção de seu nível pessoal de burilamento.

Destarte, consenso em todas as correntes mais avançadas do pensamento no que se relaciona às deficiências da educação é que exemplo e atitudes são tudo - são o que nos confere autoridade natural para apontar com propriedade melhorias efetivas às necessidades e principais problemas vigentes hoje no mundo.

Ponto pacífico,  por conseguinte, que todo pensamento ou sentimento exteriorizado por palavras ou atitudes, não importando aqui as intenções por detrás dos mesmos nos níveis conscientes ou subconscientes, definem espelho cristalino do que somos em determinado momento, para o melhor ou para o pior,  bem como das mais ínfimas nuances do que existe de mais ou de menos depurado no nível pessoal de avanço espiritual e no modo mais ou menos aperfeiçoado de cada um reagir frente a quaisquer lances com que nos defronte a existência.

Assim, quem acusa outrem de egoísmo neste ou naquele episódio, mas não age com absoluta largueza de alma perante o seu próximo, deve verificar se a acusação não é estritamente motivada por aspectos passionais e restritos de percepção que indiciem, antes, o próprio egocentrismo contrariado.

Quem aponta o outro como agressor, sem a devida avaliação prévia de que porventura não se esteja, por sua vez, agredindo gratuita e impensadamente, incorre em sério risco de estar revelando ao mundo de maneira gritante a medida exata do seu próprio e indesejável nível de falta de autocontrole!

Muita vez quem indica o semelhante como vaidoso sem a devida consciência do grau de orgulho com que em muitas ocasiões tiraniza os circunstantes está, antes,  contrafeito frente a almas valorosas que não se deixam impressionar pela miopia flagrante com que se presume acerca de si mesmo. Assim como muitos, em reparando na suposta índole irascível do vizinho, se esquecem de avaliar a cólera doentia de que fazem uso frente aos mais corriqueiros episódios do cotidiano.

A vida, caros, é espelho exato de nós mesmos, exteriorização pura de nosso universo íntimo. A lei da sintonia é indefectível, da mais simplória à mais majestosa expressão de Vida no universo, reunindo tudo e todos em função de semelhanças, em decorrência do que a ternura sempre se compatibilizará com os aspectos ternos de cada ser ou coisa, a generosidade magnetizará as energias que lhe são afins, o amor gerará mais amor, e o ódio gerará mais ódio. Regra simples, verificável a cada lance mais simples do nosso cotidiano.

Que se estabeleça preliminarmente, destarte, a diferença entre não se compatibilizar, acertadamente, com o mal, e a partir disso resistir-se-lhe adequadamente,  expondo-o com destemor e sugerindo mudanças construtivas a respeito, e o se incorrer, por invigilância e ausência de humildade no tocante à própria condição íntima, em ataques maldosos e sem ressonância com a realidade que ainda nos diz  respeito,  denunciando, nisso,  em nós mesmos, o reforço daquilo que se pretende combater. 

Como já rezava o adágio, e sabendo reconhecer com soberania em nós e no que nos rodeia o que serve e o que não nos serve para o bem viver, tomemos extremo cuidado com o dedo apontado na direção do semelhante - pois que arrisca-se a se incorrer na gravidade de se esquecer dos três que, na mesma mão, e ao mesmo tempo, estarão apontados na nossa própria direção!

Abraços a todos, 

 
Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 23/08/2009
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